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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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INVESTIGAÇÃO

Ele apelou na Suíça

Maluf tenta impedir envio de papéis ao país

DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O porta-voz do Escritório Federal de Justiça da Suíça, Folco Galli, informou ontem que os advogados do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PP) ingressaram com uma apelação no Tribunal de Genebra para tentar impedir a remessa das informações sobre as movimentações bancárias feitas pela família Maluf naquele país.
O promotor Silvio Marques, da Promotoria de Justiça da Cidadania, diz que o recurso "representa mais uma tentativa de Maluf de esconder suas contas no exterior". Segundo ele, é contraditório Maluf apresentar a apelação. "Se ele diz não ter movimentado dinheiro no exterior, não deveria temer o envio dos documentos."
Em setembro de 2001, a Suíça enviou um ofício ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) em que afirma que Maluf e familiares mantiveram depósitos no Citibank de Genebra de 1985 a 1997, quando o dinheiro foi transferido para o mesmo banco em Jersey (paraíso fiscal).
Em 13 de junho, após analisar o caso por quase dois anos, o juiz de instrução Claude-François Wenger, de Genebra, proferiu uma decisão que autoriza a remessa dos documentos bancários da família Maluf ao Brasil. A sentença foi dada em um pedido de cooperação internacional formulado pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público de São Paulo.
Como as leis suíças definem que, nesse tipo de processo, as apelações têm efeito suspensivo automático, o simples fato de os advogados do ex-prefeito terem apresentado o recurso suspende os efeitos da decisão de Wenger.
Agora, o Tribunal de Genebra vai ouvir os argumentos de Maluf. Se a Prefeitura de São Paulo estiver representada em Genebra, também terá a oportunidade de se manifestar no caso.
Segundo especialistas em processos semelhantes, esse tipo de apelação costuma demorar cerca de seis meses para ser julgada.
Se for derrotado, Maluf poderá ingressar com um recurso na Corte Federal de Justiça da Suíça.

Outro lado
Sobre a tentativa de evitar que autoridades da Suíça enviem documentos bancários à Justiça brasileira, a assessoria de imprensa de Maluf afirmou que continua "valendo" a nota distribuída anteontem: "Maluf nunca teve conta bancária no exterior".


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