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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Candidato do PSDB diz que foi "atitude fascista de enfrentamento" do PT; confusão ocorreu em ato de campanha na zona norte
Grupo de militantes do PT hostiliza Serra
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato a prefeito de São
Paulo, José Serra (PSDB), foi hostilizado por cerca de 80 militantes
do PT em visita ao bairro Vila Maria (zona norte), ontem pela manhã, no primeiro episódio de enfrentamento direto entre petistas
e tucanos na campanha. Houve
empurra-empurra e um princípio
de tumulto entre os grupos.
Serra classificou o ato como
uma atitude "fascista de enfrentamento". "Espero que a direção do
PT se dê conta de que esses métodos truculentos não funcionam e
acabam, inclusive, comprometendo a eles e ao próprio processo
democrático."
A confusão começou com a
chegada de Serra para uma caminhada na avenida Guilherme Cotching, onde o aguardavam cabos
eleitorais do PSDB e um grupo
uniformizado do PT com bandeiras e panfletos da candidatura da
prefeita Marta Suplicy.
O candidato foi recebido com
vaias ao descer do carro e decidiu
atravessar a barreira de militantes
petistas que se formou.
Uma das integrantes do grupo,
que se identificou como Sandra,
foi abraçada por Serra e afirmou a
ele que receberá R$ 800 por mês
do PT, mas que poderia fazer
campanha para o PSDB, se o partido pagasse mais.
Militantes tucanos e petistas
cercaram Serra, que continuou a
caminhada, cumprimentando
quem conseguia chegar até ele.
O presidente do Diretório Municipal do PPS, Carlos Fernandes,
chegou a empurrar um dos militantes do PT, jogando seus panfletos no chão. "Quando a Marta
vier na Vila Maria não vamos fazer isso porque não somos provocadores", disse Fernandes.
Membros do PPS foram os anfitriões da visita de Serra ao bairro,
um reduto do antigo "Partidão"
(PCB). O deputado Aloysio Nunes Ferreira, ex-militante comunista, acompanhou o candidato
durante toda a visita.
Na caminhada, os militantes do
PT acompanharam os tucanos,
que tentavam abafar os gritos do
grupo rival gritando o nome do
candidato do PSDB.
Após o episódio, o Diretório
Municipal do PT divulgou nota
informando que seus militantes
haviam sido vítimas de agressão e
que um boletim de ocorrência seria registrado na polícia.
Também em nota, o PSDB rebateu as acusações, afirmando não
ser a primeira vez que o PT age de
forma truculenta. O comunicado
relembra as agressões contra o
governador morto Mário Covas
(1930-2001), em 2000, na praça da
República, e as afirmações do então presidente nacional do PT, José Dirceu, pedindo que os petistas
batessem nos tucanos "nas ruas e
nas urnas".
"Foi provocação. É um estilo
que nós [PSDB] não temos e não
vamos fazer. Cruzar na rua não
tem problema nenhum. O problema é a hostilidade", declarou Serra, que afirmou não ter se intimidado com as provocações.
Um dos militantes do PT ouvidos pela Folha afirmou que o grupo recebeu orientação para fazer
campanha no local. O partido não
quis falar sobre o pagamento para
os militantes nem comentar se o
ato foi planejado.
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