São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Candidato do PSDB diz que foi "atitude fascista de enfrentamento" do PT; confusão ocorreu em ato de campanha na zona norte

Grupo de militantes do PT hostiliza Serra

RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato a prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), foi hostilizado por cerca de 80 militantes do PT em visita ao bairro Vila Maria (zona norte), ontem pela manhã, no primeiro episódio de enfrentamento direto entre petistas e tucanos na campanha. Houve empurra-empurra e um princípio de tumulto entre os grupos.
Serra classificou o ato como uma atitude "fascista de enfrentamento". "Espero que a direção do PT se dê conta de que esses métodos truculentos não funcionam e acabam, inclusive, comprometendo a eles e ao próprio processo democrático."
A confusão começou com a chegada de Serra para uma caminhada na avenida Guilherme Cotching, onde o aguardavam cabos eleitorais do PSDB e um grupo uniformizado do PT com bandeiras e panfletos da candidatura da prefeita Marta Suplicy.
O candidato foi recebido com vaias ao descer do carro e decidiu atravessar a barreira de militantes petistas que se formou.
Uma das integrantes do grupo, que se identificou como Sandra, foi abraçada por Serra e afirmou a ele que receberá R$ 800 por mês do PT, mas que poderia fazer campanha para o PSDB, se o partido pagasse mais.
Militantes tucanos e petistas cercaram Serra, que continuou a caminhada, cumprimentando quem conseguia chegar até ele.
O presidente do Diretório Municipal do PPS, Carlos Fernandes, chegou a empurrar um dos militantes do PT, jogando seus panfletos no chão. "Quando a Marta vier na Vila Maria não vamos fazer isso porque não somos provocadores", disse Fernandes.
Membros do PPS foram os anfitriões da visita de Serra ao bairro, um reduto do antigo "Partidão" (PCB). O deputado Aloysio Nunes Ferreira, ex-militante comunista, acompanhou o candidato durante toda a visita.
Na caminhada, os militantes do PT acompanharam os tucanos, que tentavam abafar os gritos do grupo rival gritando o nome do candidato do PSDB.
Após o episódio, o Diretório Municipal do PT divulgou nota informando que seus militantes haviam sido vítimas de agressão e que um boletim de ocorrência seria registrado na polícia.
Também em nota, o PSDB rebateu as acusações, afirmando não ser a primeira vez que o PT age de forma truculenta. O comunicado relembra as agressões contra o governador morto Mário Covas (1930-2001), em 2000, na praça da República, e as afirmações do então presidente nacional do PT, José Dirceu, pedindo que os petistas batessem nos tucanos "nas ruas e nas urnas".
"Foi provocação. É um estilo que nós [PSDB] não temos e não vamos fazer. Cruzar na rua não tem problema nenhum. O problema é a hostilidade", declarou Serra, que afirmou não ter se intimidado com as provocações.
Um dos militantes do PT ouvidos pela Folha afirmou que o grupo recebeu orientação para fazer campanha no local. O partido não quis falar sobre o pagamento para os militantes nem comentar se o ato foi planejado.


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