São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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PRIMEIRO EMPREGO

TCU barra novos convênios do programa federal

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Auditoria aprovada anteontem por unanimidade no TCU (Tribunal de Contas da União) impede, com ameaça de multa, que o Ministério do Trabalho firme novos convênios do Primeiro Emprego até que a pasta crie um conselho consultivo para o programa -lançado em outubro de 2003 como uma das prioridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"A auditoria detectou falhas formais no Programa Primeiro Emprego. A principal é que a lei que criou o programa determina a criação de um conselho consultivo para definir suas políticas, o que não ocorreu. É preciso criar o conselho antes que se firme novos convênios", afirmou ontem o procurador-geral do Ministério Público no TCU, Lucas Furtado. Os convênios em vigor não serão afetados, segundo Furtado.
Caso o ministério não cumpra tal determinação (que, na prática, funciona como uma recomendação), o TCU poderá aplicar uma multa de R$ 25 mil à pasta para cada convênio firmado, além de solicitar a anulação do contrato e a restituição da verba investida. O conselho consultivo será formado por integrantes do ministério.
Ontem, a assessoria do Trabalho informou que um decreto que cria o conselho já está pronto e será encaminhado à Casa Civil para publicação no "Diário Oficial" da União. Em nota, a pasta afirmou que a "essência" do texto da auditoria "coincide" com pontos tratados em sindicância interna.
A lei 10.748, que criou o Primeiro Emprego, afirma que o PNPE (Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego) será "coordenado, executado e supervisionado pelo Ministério do Trabalho e Emprego [...] e contará com um conselho consultivo, ao qual caberá propor diretrizes e critérios para a sua implementação, bem como acompanhar sua execução".
O relatório do TCU, assinado pelo ministro Guilherme Palmeira, isenta o governo federal de desvios, fraudes e superfaturamentos nos convênios firmados com ONGs para o programa, mas aponta problemas "formais", segundo Lucas Furtado.
Um dos problemas apontados pelo TCU foi o pagamento à vista, em uma única parcela, de cerca de R$ 7,5 milhões à ONG Ágora, de propriedade do empresário Mauro Dutra, amigo pessoal do presidente Lula.


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