São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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ESPIONAGEM

Policiais fazem busca na casa da mãe de Verdial

PF já possuía um mandado de prisão contra espião português havia 1 mês

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça Federal informou, por meio de certidão expedida a pedido dos advogados do português Tiago Verdial, suspeito de participar de espionagem patrocinada pela Brasil Telecom, que desde 24 de junho último a Polícia Federal tinha poderes para cumprir o mandado de prisão temporária contra ele e um inglês também ligado à Kroll conhecido como Bill.
O documento informa ainda, pela primeira vez, o nome completo que estaria sendo utilizado por Bill: William Peter Goodall.
O mandado de prisão, assinado pelo juiz substituto da 5ª Vara Federal Criminal, Hélio Egydio Matos Nogueira, foi cumprido, em relação a Verdial, no último sábado, um mês após a expedição.
A certidão, emitida anteontem pelo juiz da 5ª Vara Luiz Renato Pacheco Oliveira, autorizou a PF a prender Verdial e "o estrangeiro alcunhado de "Bill", que, segundo informações, utiliza-se da alcunha de "William Peter Goodall'".
Por lei, a PF pode ficar com um mandado de prisão e cumpri-lo apenas quando achar necessário.
O advogado de Verdial, Roberto Soares Garcia, voltou a afirmar ontem que não tem do acesso aos autos nos quais seu cliente teve a prisão decretada. "Não sei o fundamento da decisão e os motivos da prisão", disse Garcia, que deve voltar hoje à secretaria da 5ª Vara para tentar acesso ao processo.
A PF cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio. Isso é parte da investigação sobre a espionagem da Kroll contra, inclusive, autoridades do governo, revelada pela Folha no último dia 22. Em São Paulo, o alvo foi a casa de Anne Marie Verdial, mãe de Verdial. No Rio, até o fechamento desta edição, não havia informação sobre o endereço de execução do mandado.
No mesmo dia da prisão de Verdial, a PF já havia apreendido documentos e equipamentos em diferentes endereços no Rio, entre os quais a casa do português e o escritório no qual ele trabalhava.
Anne Marie visitou o filho na Superintendência da PF em Brasília nesta semana. A expectativa era que, após isso, ele passasse a colaborar. Ocorreu o oposto. Nos seus dois primeiros depoimentos, Verdial mostrava-se disposto a ajudar. Porém, desde a visita da mãe, conforme a Folha apurou, o diálogo com ele tornou-se inócuo.
Monitorados, diálogos e e-mails do português revelam, segundo a PF, fortes indícios de que ele corrompeu servidores em troca de informações privilegiadas, violou sigilos protegidos pela Constituição e explorou sua relação com autoridades para obter dados reservados. (RUBENS VALENTE)


Colaborou a Sucursal de Brasília

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