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JUDICIÁRIO
Alvos são licitações para estacionamento e manutenção de veículos
Ministério Público investiga mais dois contratos do TRT
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
abriu duas novas investigações a
respeito de contratos assinados
na atual gestão do TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) de São
Paulo relacionados ao fórum trabalhista na Barra Funda.
Os procuradores apuram a concorrência que garantiu a concessão, por 20 anos, da exploração
comercial do estacionamento do
fórum a uma empresa privada e
também um contrato assinado
com empresa pertencente a um
dos executivos da Construtora
OAS, empreiteira responsável pela obra de conclusão do fórum.
O uso do estacionamento, que
deve gerar mais de R$ 1 milhão ao
ano em faturamento bruto, foi
concedido à empresa Estapar
após o tribunal considerar a empresa a "única habilitada" a participar da concorrência.
Antes da disputa principal, que
teve apenas a Estapar como concorrente, o tribunal realizou uma
pré-qualificação. Das quatro interessadas que apresentaram propostas técnicas, apenas duas receberam nota mínima para participar da concorrência, a Estapar e a
Autoparque.
Após ter decidido a qualificação, a comissão permanente de licitação resolveu, repentinamente,
suspender a publicidade da decisão. A comissão então escolheu,
"de maneira aleatória", segundo
documento assinado pela própria
comissão, fazer uma vistoria nas
condições de operação de dois estacionamentos de cada empresa,
entre todos os endereços listados
pelas concorrentes.
A equipe do TRT afirmou ter
encontrado irregularidades nos
dois locais da Autoparque e reduziu sua pontuação. Ela perdeu 30,
dos 210 pontos originais. Com isso, ficou abaixo do mínimo previsto no edital da pré-qualificação, de 200 pontos, e acabou desclassificada, não podendo mais
participar da concorrência.
A Estapar também perdeu dez
pontos após a vistoria, mas ficou
70 acima da meta mínima.
Mecânica
A segunda concorrência sob investigação dos procuradores da
República, com gasto anual estimado em R$ 103 mil, trata da manutenção da frota de 108 veículos
do tribunal.
A atual presidente do TRT, Maria Aparecida Pellegrina, decidiu
dispensar a empresa que cuidava
do serviço e abriu uma nova concorrência, em julho de 2003.
A empresa do engenheiro da
OAS Augusto Cesar Uzêda e de
seu irmão, Paulo Emílio, foi declarada vencedora da concorrência
depois que as duas primeiras colocadas já haviam sido definidas
pela comissão permanente de licitação do tribunal.
A partir de recurso administrativo apresentado pela Uzêda Comércio e Serviços Ltda., a comissão anulou o primeiro resultado e
declarou a empresa vencedora.
De terceira colocada, a Uzêda virou a titular do contrato.
A Uzêda e o tribunal alegaram
que as duas empresas melhor
classificadas haviam apresentado
propostas "inexeqüíveis". A vencedora apontou valor para a mão-de-obra de R$ 5,00 por homem/
hora e 5% de desconto na compra
de peças, enquanto a Uzeda ofertou R$ 19,08 por homem/hora e
20% de desconto nas peças.
A decisão final foi assinada por
Maria Aparecida Pellegrina. Em
25 de julho de 2003, baseada em
relatórios da comissão de licitação, ela desclassificou as primeiras colocadas "em face de inexeqüibilidades verificadas nas propostas anteriores".
A OAS é a empresa responsável
pela obra de conclusão do fórum.
Inicialmente orçada em R$ 54,9
milhões, a obra recebeu vários
aditivos que renderam à empreiteira R$ 20 milhões a mais. Os aditivos também estão sob investigação do Ministério Público.
O quarto processo administrativo que investiga atos da atual gestão, de compra de móveis no valor de R$ 3,7 milhões, gerou um
processo no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Na semana passada, Pellegrina foi citada formalmente, na sede do TRT, a respeito
da acusação de prevaricação e desobediência à lei de licitações.
Além dela, outros servidores integrantes da comissão de licitação
também são acusados.
Segundo a denúncia do Ministério Público, acolhida pelo STJ,
que designou como relator o ministro Francisco Falcão, Pellegrina participou de direcionamento
da licitação.
Por meio da assessoria, Pellegrina disse na semana passada que
só vai se manifestar sobre essa
acusação "nos autos".
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