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Sanguessugas e mensaleiros enriqueceram mais sob Lula
Patrimônio de 32 envolvidos em escândalos cresceu 31,7% no governo do petista
Na gestão FHC, evolução foi de 15%; se considerado Vadão Gomes, que viu seu patrimônio crescer 403%, diferença fica ainda maior
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma análise nas declarações
de bens de congressistas acusados de participação nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas mostra que esse grupo teve uma evolução patrimonial maior durante o governo
de Luiz Inácio Lula da Silva do
que nos últimos quatro anos da
administração do tucano Fernando Henrique Cardoso.
A Folha conseguiu obter dados patrimoniais de 33 congressistas que estiveram presentes nas eleições de 1998,
2002 e 2006.
De 1998 a 2002, quando o
presidente da República era
FHC, os mensaleiros e sanguessugas registram um aumento médio de patrimônio da
ordem de 28,6%. Nos quatro
anos seguintes, com Lula, a
evolução pula para 136,9%.
Esse dado contém uma distorção. O deputado Vadão Gomes (PP-SP), absolvido pela
Câmara da acusação de ter recebido dinheiro do "valerioduto", registrou um crescimento
patrimonial acima da média ao
longo dos últimos períodos.
Dono do frigorífico Estrela
D'Oeste, ele declarou R$ 3,929
milhões em 1998. Depois, passou para R$ 7,140 milhões em
2002. Agora, está com
R$ 35,781 milhões -crescimento de 403,1% num período
de quatro anos.
Mesmo quando se retira Vadão Gomes do cálculo para evitar essa distorção causada pela
ascensão patrimonial do deputado paulista, os mensaleiros e
os sanguessugas mantêm um
desempenho melhor durante
os anos de Lula no poder do
que no período de FHC.
Com apenas 32 registros de
congressistas acusados de envolvimento nos últimos escândalos, a evolução patrimonial
de 1998 a 2002 foi de 15%. Sob
Lula, os mesmos políticos aumentaram seus bens em 31,7%.
É preciso considerar também a inflação medida nos dois
períodos analisados. O IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, usado
pelo governo na meta de inflação do país, foi de 27,2% de
1998 a 2002 -considerando-se
que os políticos entregaram,
para fins eleitorais, suas declarações em julho de 1998 e novamente em julho de 2002.
Já de julho de 2002 a junho
de 2006 a alta de preços pelo
IPCA foi bem maior, de 38%.
Na comparação com a inflação, o grupo de 32 mensaleiros
e sanguessugas analisados nesta reportagem teve uma perda
de 10% nos seus bens durante
os anos FHC. Com Lula, a perda foi só de 5%.
Gastos de campanha
Há uma outra curiosidade
nos dados dos mensaleiros e
dos sanguessugas. Em 2002, os
33 políticos com dados coletados pela Folha declararam gastos de apenas R$ 6,3 milhões
nas suas campanhas eleitorais.
Neste ano, o valor previsto
de gastos pulou para R$ 47,9
milhões (aumento de 661%).
Esse é apenas um valor indicativo, mas que possibilita campanhas muito mais caras do
que há quatro anos.
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