São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Associação de juízes decide incluir Kassab na "lista suja"

AMB atribui atraso de uma semana para identificar ação contra prefeito ao site do TJ

Kassab é co-réu em ação civil pública em que é acusado de improbidade quando era secretário de Pitta; Marta e Maluf estão em lista da AMB


Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
O prefeito Gilberto Kassab visita obras na Oficina Boracéa, que abriga sem-teto em São Paulo

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) incluiu ontem o nome do atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), na "lista suja", cuja primeira versão foi divulgada na semana passada com o nome dos candidatos Paulo Maluf (PP) e Marta Suplicy (PT), além de outros 13 políticos que concorrem nas eleições para cargo executivo de 26 capitais brasileiras.
Kassab é co-réu em ação civil pública em que é acusado de improbidade administrativa quando era secretário do ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000). Ele foi absolvido pelo TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo em maio de 2007, mas recurso extraordinário feito pelo Ministério Público mantém a ação tramitando.
A "lista suja" divulgada pela AMB na terça-feira da semana passada traz nomes de candidatos que respondem a "ações penais, de improbidade administrativa e eleitoral".
A associação justificou que a demora de uma semana para a inclusão do nome de Kassab na lista ocorreu porque a ação contra o atual prefeito é identificada no site do TJ-SP como "civil pública" e não "de improbidade administrativa".
Sem o nome na lista, a campanha de Kassab tentou aproveitar politicamente da situação e mandou imprimir 120 mil panfletos, com o título "sujou", e a expressão "Marta nunca mais", reunindo notícias de jornais sobre a inclusão da petista na "lista suja".
A ação civil pública contra Kassab foi movida pelo Ministério Público no final dos anos 90, sob o argumento de que Pitta e Kassab, entre outros, cometeram improbidade administrativa ao publicar anúncio em jornais com o intuito de defender "interesses pessoais" diante de reportagens que vinculavam a prefeitura a esquema com títulos públicos.
Kassab e Pitta foram condenados em primeira instância. Recorreram ao TJ, que manteve a condenação. Novo recurso foi feito ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que anulou o julgamento. Em nova análise, o TJ absolveu os réus sob o argumento de que o anúncio tinha caráter informativo. O Ministério Público entrou, então, com um primeiro recurso, que foi negado. Em 23 de abril, entrou com novo recurso no TJ-SP.
A divulgação de uma "lista suja" com os nomes de políticos "fichados" é polêmica. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, por exemplo, caracterizou uma ainda possível divulgação como "populismo de índole judicial".
No dia da publicação da lista, porém, o secretário-geral da AMB, Paulo Henrique Martins Machado, afirmou que a divulgação dos nomes não significa um "prejulgamento". "São apenas informações da vida pregressa do candidato, como manda a Constituição."
A idéia de divulgar a lista com os candidatos "fichados" surgiu quando o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, prometeu tornar públicas essas informações. A discussão começou em junho, quando o TSE manteve o entendimento, por 4 votos a 3, de que os registros das candidaturas de tais políticos devem ser aprovados, a menos que eles já tenham sido condenados de forma definitiva, sem mais possibilidade de recorrer.


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