São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

Morreu de novo

Meio-dia e meia e o Valor Online postou que "Doha morreu de novo, agora pouco", quando Índia e China "abandonaram a sala de negociação, segundo fontes". Mais meia hora e entrou com a expressão que seria manchete pelo mundo todo, "colapso". A americana Susan Schwab "parecia totalmente decepcionada", mas se negou a dar "atestado de óbito". Questionado pela CNN, o presidente da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, também negou o enunciado "Doha morreu". E lembrou, com ironia, que a "morte" foi manchete outras duas vezes, nestes sete anos.

COLAPSO DA ESPERANÇA
nyt.com
A imagem escolhida ontem pelo "New York Times" para expressar a frustração com a Rodada Doha foi do chanceler Celso Amorim -que declarou ser "inacreditável que nós tenhamos falhado" em obter consenso nas salvaguardas de China e Índia, depois que tantas demandas polêmicas acabaram sendo vencidas

GRANDES MUDANÇAS
Nos EUA, "NYT" e "Wall Street Journal" postaram o "colapso" no alto das páginas iniciais, com longos relatos.
Para o primeiro, as negociações se encerraram "em rancor" e "acabaram com as esperanças de acordo". "No fim, poucas potências se mostraram comprometidas em fazer as concessões necessárias."
Já o "WSJ" sublinhou a avaliação de que o resultado foi "sinal das grandes mudanças na economia global desde que Doha foi lançada", com "China, Índia e Brasil emergindo como potências comerciais".

CHINA & ÍNDIA
Na China, a agência Xinhua produziu despacho sucinto ressaltando que, segundo Pascal Lamy, o "colapso" se deveu a "diferenças agudas" sobre salvaguardas nos países em desenvolvimento e "subsídios ao algodão nos EUA". Lamy, na verdade, centrou fogo nos países em desenvolvimento.
Na Índia, o colapso" foi a manchete do "The Hindu" ao "Economic Times" -este destacando que é um "golpe na globalização". Em artigo, ressaltou que a resistência indiana se deu como "representante de cerca de cem países".

VONTADE DE POTÊNCIA
Salvatore Di Nolfi/nytimes.com
Antes mesmo do colapso, o "NYT" perfilou o negociador chinês, Chen Deming, que fez a China "emergir como ator maior". Seu pai foi banido pela Revolução Cultural, ele começou por baixo, reagiu e chegou a estudar nos EUA -onde afirma ter aprendido a negociar pesado, "hardball"

NO LIMBO DE NOVO
Dos negociadores, o único a falar em "enterro" foi o inglês Peter Mandelson, em seu blog. E foi a cobertura inglesa a mais esperançosa com o futuro. O "Financial Times" avaliou que Doha "volta ao limbo", mas sublinhou que a representante americana afirmou depois que "os compromissos dos EUA continuam na mesa". A BBC também focou uma eventual retomada -e o "papel-chave" do Brasil, com o correspondente ao vivo, de São Paulo. Até a cética "Economist" deixou no ar um acordo mais à frente.

DESCOLAMENTO, SIM
Jim O'Neill, o visionário dos Brics, escreveu no "FT" que os emergentes estão, sim, "descolados" dos EUA. E que "o mundo ainda vai bem" por causa da China, sobretudo, e dos "outros Brics". Quem não "descola" dos EUA são os aplicadores globais em bolsas.

"AINDA É DOCE"
O site da "Foreign Policy" discutiu ontem por que o etanol deu certo no Brasil. Concluiu que um plano "regional ou específico funciona melhor". E cobrou os "cruzados antibiocombustíveis" que parem de confundir o etanol daqui com os "bad ethanols".


Leia as colunas anteriores
@ - Nelson de Sá



Texto Anterior: Fortaleza: Senadora do PDT bate prefeita do PT no 2º turno, diz pesquisa
Próximo Texto: Eleições 2008 / Rio de Janeiro: TRE-RJ recusa ajuda da Força Nacional e diz não haver crise
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.