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FORAGIDOS
Banqueiro está foragido do Brasil há 38 dias
PF reclama de lentidão da polícia italiana para achar dono do Marka
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A demora na localização do
banqueiro Salvatore Cacciola, foragido do país há 38 dias, está deixando a Polícia Federal irritada
com seus pares italianos. Cacciola, que está sendo processado no
Brasil por crime contra o sistema
financeiro, foi incluído há pouco
mais de um mês na chamada "difusão vermelha" da Interpol, mas
até agora não foi localizado.
O fato de um foragido ser incluído na "difusão vermelha" o coloca como prioridade nas buscas da
entidade em todo o mundo. Assim como Cacciola, o juiz Nicolau
também está nessa categoria. O
juiz está foragido há 125 dias.
Cacciola ficou preso em janeiro
por 37 dias, acusado de peculato e
gestão fraudulenta, e fugiu do país
quando teve sua prisão preventiva cassada por uma liminar do
Supremo Tribunal Federal. A decisão foi depois revogada, mas o
banqueiro já havia sumido. O tamanho do prejuízo à União -R$
1,6 bilhão- foi um fator importante para a sua inclusão na lista.
Há pouco mais de 20 dias, o diretor-geral da PF, Agílio Monteiro
Filho, foi à França conversar com
a direção da Interpol munido de
um dossiê com informações sobre os crimes dos dois. Saiu dizendo que obteve a promessa de
"empenho máximo na localização" de Nicolau e Cacciola.
A PF elaborou, inclusive, um relatório de serviços prestados na
busca e prisão de italianos no Brasil, como parte do jogo de pressão
para tentar agilizar o processo de
localização de Cacciola.
Segundo estimativas informais
do Ministério da Justiça, a Itália é
hoje o país que mais se utiliza dos
tratados de extradição com o Brasil. Entre todos os estrangeiros extraditados do Brasil, o maior número é de italianos. Nos últimos
dois anos, segundo a assessoria de
imprensa da PF, seis italianos foram presos e extraditados.
Apesar de a PF afirmar que não
há pistas sobre o banqueiro, o seu
advogado afirma que ele está em
Roma, procurando um apartamento para alugar e se fixar na cidade. "Vamos fornecer à polícia o
endereço definitivo dele, quando
ele o tiver. Só não fizemos isso
ainda porque ele está num endereço provisório. Na Itália nesta
época tudo fecha e por isso ele não
conseguiu ainda encontrar uma
imobiliária para alugar apartamento", justifica José Carlos Fragoso, advogado de Cacciola no
Rio de Janeiro.
A hipótese de o banqueiro estar
na Itália sempre foi considerada a
mais provável tanto pela polícia
como pelos procuradores que investigaram o socorro financeiro
do Banco Central aos bancos
Marka e FonteCindam.
Isso porque o fato de Cacciola
ser cidadão italiano dificulta sua
extradição para o Brasil. Há um
tratado de extradição de presos
com a Itália. O acordo prevê que,
em caso de o procurado ser cidadão italiano ou brasileiro, a decisão de extraditar ou não cabe aos
respectivos governos. Só que, na
Itália, as leis não permitem a extradição de cidadãos.
Para que o pedido de extradição
fosse ao menos feito (o que ainda
não aconteceu), Cacciola precisaria ser encontrado e preso. O que
se diz dentro da PF é que os italianos mostram boa vontade e empenho, mas que poderiam cuidar
da questão com mais "carinho".
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