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ORÇAMENTO
Parlamentares devem pressionar eleito para ampliar a arrecadação
Projeto não deixa recursos para emendas no Congresso
HUMBERTO MEDINA
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de prever investimentos
menores que os deste ano -R$
7,2 bilhões, contra R$ 11 bilhões
propostos pelo governo para 2002
e R$ 18,8 bilhões aprovados pelo
Congresso-, o projeto de Orçamento da União de 2003 não tem
dinheiro reservado para atender
as emendas dos congressistas.
Tradicionalmente, a proposta
reserva dinheiro para que deputados e senadores incluam no Orçamento obras em seus redutos eleitorais. Como cerca de 60% dos
atuais congressistas devem ser
reeleitos, a decisão do governo representa mais uma pressão para
que o futuro presidente da República aumente a arrecadação de
impostos para bancar um volume
maior de gastos não previstos.
Outro ponto em que o sucessor
do presidente Fernando Henrique Cardoso deve ser pressionado a mudar é a previsão para os
reajustes do salário mínimo e dos
vencimentos do funcionalismo
público. Na proposta orçamentária para o próximo ano, a previsão
de aumento do mínimo é de 5,5%.
Já o reajuste dos servidores está
estimado em 4%.
O Orçamento para o primeiro
ano de mandato do sucessor de
FHC vai começar a ser discutido
no Congresso depois do segundo
turno das eleições. O debate do
projeto será uma das primeiras
tarefas do presidente eleito, antes
mesmo da posse.
Orçamento real
Apesar de nas últimas propostas
o governo FHC ter contado com
dinheiro que não existia, as chamadas receitas condicionadas (ou
duvidosas), como a cobrança de
contribuição previdenciária dos
servidores inativos, o governo
submeteu aos congressistas um
Orçamento que classifica de
"mais realista".
A única receita condicionada na
proposta é a manutenção em 9%
da alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido),
de R$ 1,1 bilhão, o equivalente a
0,5% das receitas. É o menor valor
desde a proposta orçamentária de
2000. Na proposta daquele ano,
havia R$ 4 bilhões de receitas condicionadas, em 2001, R$ 3,7 bilhões, e em 2002, R$ 11,6 bilhões.
A medida provisória mantendo
a alíquota da CSLL em 9% -em
janeiro ela cairia para 8%- deverá ser publicada no "Diário Oficial" da União de hoje. A MP tem
de ser aprovada pelo Congresso.
O governo não incluiu no projeto orçamentário a verba de R$ 1,7
bilhão da manutenção da alíquota
de 27,5% do Imposto de Renda da
Pessoa Física para quem ganha
acima de R$ 2.115. Essa alíquota
cai para 25% em janeiro.
Segundo o ministro Guilherme
Dias (Planejamento), o governo
não propôs a manutenção da alíquota porque o Congresso deu
demonstrações, ao discutir a correção da tabela do Imposto de
Renda, de ser majoritariamente
contrário à proposta.
O ministro explicou que o Orçamento tem menos receitas incertas porque está sendo feito para
um novo governo. "Como é um
Orçamento para um próximo governo, fomos mais conservadores", disse.
Cenário econômico
Além de não contar com receitas condicionadas, a proposta orçamentária reflete a piora do quadro econômico brasileiro, com
uma queda na projeção de crescimento do PIB (soma das riquezas
do país).
O ministro disse que a previsão
de investimentos para o próximo
ano foi feita com base nesse cenário e equivale ao que deverá ser
efetivamente gasto pelo governo
até o final do ano. Até a última
sexta-feira, haviam sido pagos
apenas R$ 1,1 bilhão dos investimentos. "Não faz sentido executar obras se depois não houver dinheiro para manutenção do serviço", afirmou Dias.
O projeto do Orçamento da
União foi entregue ontem ao vice-presidente do Congresso, deputado Efraim Moraes (PFL-PB), e lido em seguida em sessão conjunta da Câmara e do Senado.
O presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado José
Carlos Aleluia (PFL-BA), afirmou
que o presidente eleito será
convidado a discutir a proposta
de Orçamento no Congresso para
ajustar o projeto aos planos de governo.
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