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JUSTIÇA
Com voto de minerva do ministro Sepúlveda Pertence, tucano não foi punido por veicular frase de Ciro em programa
Serra não perde tempo na TV, decide TSE
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por 4 votos a 3, o TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) livrou o presidenciável José Serra (PSDB) da
perda em dobro do tempo gasto
para veicular, na sua propaganda
na TV o áudio da frase em que Ciro Gomes (PPS) chama de "burro" o ouvinte de uma rádio.
A vitória de Serra foi assegurada
pelo voto de minerva do ministro
Sepúlveda Pertence, que está na
presidência interina do TSE em
razão de viagem do titular, Nelson
Jobim, à China.
O julgamento ocorreu ontem à
noite. Às 13h, o programa eleitoral
do tucano voltou a exibir a declaração do adversário, mas com a
pergunta incluída. Uma liminar
do ministro-auxiliar do TSE Caputo Bastos havia proibido a utilização desse áudio porque a ausência da pergunta teria distorcido o contexto e prejudicado Ciro.
Se Serra fosse condenado, a perda estava estimada em 44 comerciais de 30 segundos, equivalentes
a 20% das 225 inserções a que o
tucano tem direito e quase metade dos 93 comerciais de Ciro. No
programa em bloco, seriam descontados cerca de dois minutos.
No último dia 26, ao apreciar o
mérito de uma representação movida por Ciro, Caputo Bastos decidiu pela condenação com a perda do dobro do tempo. Antes havia concedido liminar proibindo
o tucano de veicular a resposta do
pepessista ao ouvinte por causa
da ausência da pergunta.
Ontem foi julgado recurso da
coligação de Serra contra a condenação. Após o empate, Pertence
pediu vista, retomou o julgamento 40 minutos depois e apresentou voto por outros 40 minutos.
A polêmica jurídica se concentrou no fato de a propaganda tucana ter omitido a pergunta do
ouvinte. A maioria entendeu que
a omissão não distorceu os fatos
nem prejudicou Ciro.
O ouvinte indagou: "Eu ia fazer
uma pergunta ao candidato a presidente da República do Brasil,
mas vou fazer ao candidato a presidente da República da Suíça,
porque o sr. Ciro Gomes vai representar a gente na Suíça. Porque aliado com esse Antonio Carlos Magalhães [PFL-BA", ele não
vai dividir cargos, não vai fazer
nada, vai ser uma maravilha".
Ciro respondeu que na Suíça
não haveria presidente porque o
regime seria parlamentarista e em
seguida chamou o ouvinte de
"burro". "O episódio foi de utilização de uma cena verdadeira no
contexto de um trecho do programa de crítica ao temperamento de
um candidato", disse Pertence.
Além de Pertence, votaram favoravelmente a Serra Ellen Gracie
Northfleet, Carlos Velloso e Peçanha Martins. Acompanharam
Bastos os ministros Luiz Carlos
Madeira e Barros Monteiro.
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