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No Rio, Lula defende "Programa do Leite", do governo Sarney
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Dois dias depois de receber o
apoio do ex-presidente José Sarney (1985-1990), o candidato do
PT à Presidência, Luiz Inácio Lula
da Silva, defendeu a volta do
"Programa do Leite" -distribuição gratuita do alimento para a
população carente, uma marca
assistencialista da administração
do atual senador do PMDB.
Lula afirmou que, durante seu
encontro com Sarney na terça, o
ex-presidente sugeriu a retomada
da iniciativa. "Um estudo da Cepal (Comissão Econômica para a
América Latina) considerou o
programa o mais eficaz no combate à fome já realizado no país."
A promessa de Lula foi feita
após reunião em restaurante no
Aterro do Flamengo, zona sul do
Rio, com 400 artistas e intelectuais, liderados pelo economista
Celso Furtado, pelo advogado
Evandro Lins e Silva e pelo cantor
e compositor Chico Buarque.
O ato foi gravado pelo publicitário Duda Mendonça para ser usado no horário eleitoral do petista.
Ao final do encontro, Lula posou
para uma foto com grande parte
dos presentes, às margens da baía
de Guanabara.
A chegada de Chico Buarque,
minutos antes da entrada do petista no restaurante, quase ofuscou Lula. "Voto em Lula e mais
não vou falar para não atrapalhar", afirmou Chico, quando
questionado sobre a política de
alianças adotada pelo PT. O próprio compositor lançou dúvidas
sobre os efeitos eleitorais do evento. "Não levo a sério que o apoio
de um artista tenha tanta influência na escolha das pessoas."
Aplaudido ao entrar no salão,
Chico abraçou o governador do
Acre, Jorge Viana, cuja candidatura foi impugnada pelo TRE-AC
e que estava ao lado do ex-governador Cristovam Buarque (DF),
que também havia sofrido impugnação de sua candidatura ao
Senado, derrubada em recurso.
"Aqui é conversa de dois cassados", disse Viana para Chico.
"Então somos três", brincou, em
referência imprecisa à censura de
suas músicas pelo regime militar.
O clima era de descontração. A
cineasta Janaína Diniz pegou Marieta Severo pela mão e tentava levá-la para uma das cadeiras das
primeiras filas, onde estavam Chico, o diretor teatral José Celso
Martinez Corrêa, os sambistas
Nelson Sargento e Zeca Pagodinho e o físico José Leite Lopes.
"Mais para a frente vou acabar
sentando no colo dele", brincou.
Coube ao crítico literário Antonio Cândido, um dos fundadores
do PT e um de seus intelectuais
mais respeitados, fazer a abertura
do encontro. "As circunstâncias
conjunturais são excepcionais para atender ao desejo daqueles que
precisam ser incluídos, daqueles
que têm a ânsia da igualdade."
Em sua fala, Lula afirmou que
aqueles que estavam presentes
eram a materialização da formação acadêmica que não tem.
"Com vocês todos ao meu lado,
sou o maior PhD do Brasil", disse.
À noite, Lula se comparou ao líder indiano Gandhi e aos ex-presidentes Nelson Mandela, da África do Sul, e Abraham Lincoln, dos
Estados Unidos, que não tiveram
experiência administrativa antes
de se tornarem líderes de seus países, para explicar que está preparado para a Presidência.
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