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NO AR
Verdades e mentiras
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
E Ciro Gomes apelou para
sua maior arma, Patrícia
Pillar. Mas bem que poderia ter
evitado o abraço de ACM, imediatamente antes, no horário
eleitoral.
Poderia também ter evitado
que ela começasse dizendo ser
mera "força de expressão"
quando Ciro, segundo os outros,
"não diz a verdade". A defesa é o
que existe de mais ineficaz, em
propaganda.
Mas a atriz também foi ao
ataque, afirmando que Ciro "é
diferente dos outros políticos",
"é diferente de tudo que está aí",
enfim, "é honesto".
Patrícia, que fechou seu pequeno discurso se dizendo "mulher" de Ciro, entrou de uma vez
no jogo, para o que der e vier.
Agora é só esperar, que virá.
Vai ficando claro que Ciro Gomes, em sua estratégia de contrapropaganda, fará com José
Serra exatamente o que o tucano fez com ele.
No site de Ciro, está lá o questionamento da "incoerência"
tucana, expressão usada como
eufemismo de "mentira" -a
marca que Serra pregou nele.
Pergunta-se no site, sobre uma
promessa tucana:
- Será que é verdade?
Nos telejornais, a afirmação
foi ainda mais direta, da boca
do próprio Ciro Gomes, sob controle, em coletiva:
- Serra está faltando com a
verdade.
Mas nada se compara, é claro,
à abrupta intervenção de Itamar Franco na campanha, chamando Serra de "mentiroso" e
dizendo que ele não apoiou o
Plano Real.
Supostamente em aliança com
Lula, Itamar fez só repetir o que
Ciro vinha dizendo sem parar,
contra o tucano.
O mais provável é que seja
uma das pequenas vinganças do
errático governador -ele que
não conseguiu ser o vice de Serra
nem a liberação de verbas para
seu governo. Mas a declaração
veio por demais afinada com a
nova estratégia de Ciro para ser
coincidência.
Itamar, que diz votar em Lula,
parece ter outro candidato no
primeiro turno.
Lula nem parece estar em
campanha, na verdade. Ele foi
ao Bom Dia Brasil, para mais
uma das longas entrevistas da
Globo, e o ambiente foi estranhamente anódino, a começar
das perguntas.
Não que os entrevistadores
não tenham tentado. Questionaram o petista duas, até três
vezes sobre temas como alianças
e falta de preparo, mas ele escorregava -e parecia não haver
por que insistir.
É como se a TV aceitasse que
ele vai para o segundo turno e,
portanto, não há conflito para
explorar, agora.
De seu pedestal, Lula sorri,
tranqüilo, mas com um olho na
taxa de rejeição.
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