São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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PARANÁ

Depois da segurança, agora é a alimentação que leva Dias e Requião, que encabeçam pesquisas, a travar disputa na TV

Promessa de leite acirra debate entre líderes

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Depois dos tiroteios verbais sobre a questão da segurança, agora é a vez da "guerra do leite" no horário eleitoral gratuito, protagonizada por Alvaro Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB), os candidatos ao governo do Paraná que encabeçam as pesquisas locais.
A marcação cerrada entre os candidatos ocorre devido à polarização da disputa. Segundo o Ibope divulgado anteontem, Alvaro está na frente com 32%, seguido por Requião com 27%.
A "guerra do leite" surgiu com promessas para suplementar a alimentação das crianças carentes. A tática de ambos é não deixar que um programa do adversário "pegue" entre os eleitores.
Depois de Requião aparecer no horário eleitoral prometendo um litro de leite diário para crianças carentes de oito meses a quatro anos, Alvaro promete entregar dois quilos de leite em pó para os estudantes da rede pública.
A "guerra do leite" não é a primeira batalha entre os dois ex-aliados no palanque eletrônico. Na semana passada, Requião tratou de minar um comercial de 30 segundos do adversário, em que o pedetista afirmava que no seu governo, "a polícia atira primeiro".
Depois de usar os candidatos a deputado federal do PMDB para condenar a proposta de Alvaro, Requião apareceu no horário eleitoral dizendo que sua prioridade será combater a corrupção policial. "Vou pessoalmente fazer a limpeza das polícias do Paraná", disse. Segundo ele, a nomeação do secretário da Segurança seria apenas o segundo passo.
Acusações de envolvimento de policiais do Paraná com o narcotráfico, feitas pela CPI da Câmara dos Deputados, derrubaram a cúpula da Segurança Pública no governo Jaime Lerner (PFL).
Alvaro reagiu mantendo sua promessa e foi atrás do apoio das entidades que representam os policiais no Estado. Segundo ele, sua proposta reflete o pensamento "dos que entendem que a polícia deve tomar a frente e disparar, se necessário", enquanto que a do adversário estaria relegada "aos que acham que a polícia deve ser frágil e que seus homens morram no confronto com bandidos".
O coordenador do programa de governo de Requião, o economista José Moraes Neto, ironizou ontem o que chamou de "cola" de Alvaro, na briga por quem promete mais leite. "Não é a primeira vez que um projeto de Requião é copiado. Eles poderiam pelo menos fazer uma cópia inteligente."
Na proposta de Requião, uma população de 210 mil crianças entre oito meses e quatro anos receberia um litro de leite por dia.
"É um programa emergencial, para atingir crianças na linha de pobreza, que não recebem benefícios oficiais, já que estão fora das creches e das escolas", afirma. Na proposta do PMDB, o desembolso anual seria de R$ 37,8 milhões.
A proposta de Alvaro abrange crianças de 6 a 14 anos da rede pública de ensino. Os beneficiados seriam cerca de 1,7 milhão.
Segundo Pedro Chagas Neto, coordenador de comunicação de Alvaro, o custo anual seria de R$ 76 milhões. Chagas Neto negou que a idéia tenha sido copiada. "A distribuição faz parte do programa de Alvaro, e ele já usou proposta igual quando governador."


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