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ALAGOAS
Coordenador de Ciro dá ambulância e cesta
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
Em Alagoas, Antônio Albuquerque, um dos coordenadores
da campanha de Ciro Gomes
(PPS) no Estado, distribuiu ambulâncias a prefeituras do agreste
e do sertão, com pedidos de apoio
eleitoral, e também enviou cestas
básicas a áreas pobres do interior.
Albuquerque, do PTB, presidente da Assembléia Legislativa
alagoana, pintou seu nome nas
ambulâncias que foram entregues
a prefeituras de aliados políticos,
todos engajados na campanha do
ex-presidente Fernando Collor ao
governo do Estado.
Segundo ele, os veículos foram
adquiridos com recursos próprios. O valor das doações, realizadas em fevereiro, seria de cerca
de R$ 200 mil, quase a soma do salário líquido que um deputado
alagoano recebe em todo o seu
mandato (cerca de R$ 250 mil).
As solenidades de entrega ocorreram em um domingo e foram
registradas em texto na página do
deputado na internet (www.antonioalbuquerque.com.br). O
material, depois, foi tirado do site.
Pelo relato, Albuquerque disse
que, "enquanto tiver mandato",
reuniria esforços "para atender às
necessidades do povo sofrido de
Alagoas". O texto afirma que o deputado agradeceu "a participação
expressiva, nas suas eleições, da
população de cada município visitado" e "pediu a todos que, mais
uma vez, o ajudem a ser reconduzido à Casa Legislativa".
Segundo procuradores eleitorais e advogados ouvidos pela
Agência Folha, o ato caracteriza
abuso de poder econômico e é suficiente para que o Ministério Público inicie investigação. Outra
atitude com características semelhantes foi a doação, em março,
de 5.000 cestas básicas à população carente do interior alagoano.
"Cinco mil cestas básicas, ou seja, um número considerável, bem
como a doação de dez ambulâncias que vão circular durante a
campanha com o nome do candidato configuram abuso do poder
econômico dentro do chamado
macroprocesso eleitoral [o ano
das eleições] e às vésperas da
campanha em si. Isso tem reflexo
na campanha", afirma Deslomar
Mendonça Júnior, advogado do
Movimento Nacional de Combate à Corrupção Eleitoral.
Outro lado
A Agência Folha tentou, ao longo de duas semanas, ouvir o deputado sobre o caso. O teor da reportagem foi repassado ao chefe
de gabinete de Albuquerque,
Nailton Felizardo, que ficou de informar o assunto ao deputado e ligar dando a resposta.
Como não fez contato, a Agência Folha procurou Felizardo
mais três vezes. Em todas, o assessor informava que o deputado
responderia às questões posteriormente, o que não aconteceu.
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