São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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ALAGOAS

Coordenador de Ciro dá ambulância e cesta

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Em Alagoas, Antônio Albuquerque, um dos coordenadores da campanha de Ciro Gomes (PPS) no Estado, distribuiu ambulâncias a prefeituras do agreste e do sertão, com pedidos de apoio eleitoral, e também enviou cestas básicas a áreas pobres do interior.
Albuquerque, do PTB, presidente da Assembléia Legislativa alagoana, pintou seu nome nas ambulâncias que foram entregues a prefeituras de aliados políticos, todos engajados na campanha do ex-presidente Fernando Collor ao governo do Estado.
Segundo ele, os veículos foram adquiridos com recursos próprios. O valor das doações, realizadas em fevereiro, seria de cerca de R$ 200 mil, quase a soma do salário líquido que um deputado alagoano recebe em todo o seu mandato (cerca de R$ 250 mil).
As solenidades de entrega ocorreram em um domingo e foram registradas em texto na página do deputado na internet (www.antonioalbuquerque.com.br). O material, depois, foi tirado do site.
Pelo relato, Albuquerque disse que, "enquanto tiver mandato", reuniria esforços "para atender às necessidades do povo sofrido de Alagoas". O texto afirma que o deputado agradeceu "a participação expressiva, nas suas eleições, da população de cada município visitado" e "pediu a todos que, mais uma vez, o ajudem a ser reconduzido à Casa Legislativa".
Segundo procuradores eleitorais e advogados ouvidos pela Agência Folha, o ato caracteriza abuso de poder econômico e é suficiente para que o Ministério Público inicie investigação. Outra atitude com características semelhantes foi a doação, em março, de 5.000 cestas básicas à população carente do interior alagoano.
"Cinco mil cestas básicas, ou seja, um número considerável, bem como a doação de dez ambulâncias que vão circular durante a campanha com o nome do candidato configuram abuso do poder econômico dentro do chamado macroprocesso eleitoral [o ano das eleições] e às vésperas da campanha em si. Isso tem reflexo na campanha", afirma Deslomar Mendonça Júnior, advogado do Movimento Nacional de Combate à Corrupção Eleitoral.

Outro lado
A Agência Folha tentou, ao longo de duas semanas, ouvir o deputado sobre o caso. O teor da reportagem foi repassado ao chefe de gabinete de Albuquerque, Nailton Felizardo, que ficou de informar o assunto ao deputado e ligar dando a resposta.
Como não fez contato, a Agência Folha procurou Felizardo mais três vezes. Em todas, o assessor informava que o deputado responderia às questões posteriormente, o que não aconteceu.


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