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Receita suspeita de movimentação financeira em agências de Valério
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal detectou indícios de "omissão" na origem de
depósitos recebidos e pagamentos a "beneficiários não identificados" em quatro empresas do grupo de Marcos Valério de Souza,
segundo documento oficial enviado à CPI dos Correios, no dia
18 deste mês, e obtido pela Folha.
Em outras palavras, existem
suspeitas de movimentação de
caixa dois e de lavagem de dinheiro, segundo auditor fiscal ouvido
pela reportagem.
Somadas, as agências publicitárias DNA Propaganda, SMPB Comunicação, Graffiti Participações
e 2S Participações movimentaram, entre 2000 e 2004, R$ 1,44 bilhão-sendo que R$ 1,34 bilhão
foi movimentado somente pelas
duas primeiras agências.
"Deve-se observar que a elevada
movimentação financeira apresentada nos últimos cinco anos,
confrontada com os reduzidos
valores de rendimentos pagos pela SMPB e DNA a outras empresas
(...) caracteriza: indício de omissão de rendimentos e (...) indício
de que foram efetuados pagamentos a beneficiários não identificados", informa o relatório.
A Receita Federal acrescenta
que a verificação da origem dos
recursos depositados nas contas
das duas empresas, assim como
os beneficiários não identificados,
só poderá ser feita mediante análise dos dados bancários das companhias, o que a CPI dos Correios
já requisitou.
A Receita constatou que a DNA
declarou receita bruta muito inferior ao que recebeu de outras
companhias. Nos últimos cincos
anos, empresas informaram à Receita, por meio de DIRF (Declaração de Imposto de Renda Retido
na Fonte), terem pago à agência
DNA R$ 129 milhões.
A agência de publicidade da
qual Valério é sócio, no entanto,
comunicou receita bruta de
R$ 49,878 milhões, o que indica,
segundo a Receita, "omissão" de
rendimentos.
Chamou também a atenção dos
auditores o fato de os pagamentos
feitos pela SMPB a outras empresas (R$ 9,716 milhões) corresponder a menos de 10% de sua receita
bruta (R$ 114 milhões).
Fiscalização
Em relação à DNA, a Receita Federal destacou que a agência de
publicidade foi alvo de fiscalização, referente aos anos de 1998 a
2002, que resultou em multa de
R$ 63,25 milhões e formalização
de representação fiscal para fins
penais, conforme a Folha publicou no dia 29 de junho.
A empresa foi autuada por crimes contra a ordem tributária.
Nessa fiscalização, os auditores já
haviam identificado movimentação financeira supostamente incompatível com a receita da empresa e recebimento de recursos
de origem não comprovada, entre
outras irregularidades.
Outro lado
Por meio de sua assessoria, a
DNA Propaganda informou ontem que toda a movimentação financeira da empresa tem origem
comprovada, assim como todos
os pagamentos efetuados pela
agência de publicidade, como para veículos de comunicação, gráficas e demais fornecedores.
A DNA afirma que jamais foi
usada para movimentar caixa
dois ou para lavagem de dinheiro.
E acrescenta que, ao final das investigações, ficará comprovado
que não realizou operações financeiras ilegais.
A SMPB, por meio de sua assessoria, disse que agências de propaganda têm dois tipos de receita:
o faturamento próprio e o dinheiro que recebe dos clientes para
custear a campanha publicitária.
Segundo a assessoria, a receita
própria da agência soma, em média, R$ 30 milhões por ano. Os repasses a fornecedores e veículos
de comunicação variam de R$ 80
milhões a R$ 100 milhões anuais.
Além destes valores, a empresa
movimentou mais de R$ 200 milhões, de 2003 a 2004, entre empréstimos e renovações para o PT.
SMPB diz ainda que teria como
justificar os R$ 583 milhões movimentados entre 2000 e 2004.
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