São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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Após derrubar adversário, Dirceu deve deixar chapa

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Vitorioso na queda-de-braço com o presidente nacional do PT, Tarso Genro, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu deverá ser o próximo a deixar a chapa do Campo Majoritário. Ontem, confirmando um acordo antecipado pela Folha, a corrente convocou uma reunião para redesenhar sua chapa para a disputa do dia 18 de setembro. A expectativa é que, até lá, Dirceu abra mão de concorrer espontaneamente. Do contrário, sua permanência poderá ser submetida a votação.
Pelo acerto negociado na semana passada, Dirceu deixaria a chapa logo depois que Tarso desistisse da candidatura à presidência do PT. Ainda assim, o ex-ministro avalia uma saída intermediária: ficar na chapa, mas, se eleito, passar a cadeira no Diretório Nacional para seu suplente.
Essa, porém, é a última tentativa do ministro que, nas conversas de fim-de-semana, admitia ser melhor deixar a chapa. Desde a semana passada, Dirceu está sob forte pressão.
Ontem, após saber da desistência de Tarso, Dirceu disse a um aliado que, agora, "as chances de vitória do Campo Majoritário melhoram". Procurada, a assessoria do deputado disse que ele não ira comentar.
Berzoini também fez um apelo para que Dirceu desista. "Acho que contribuiria muito para o processo se, voluntariamente, retirasse o nome, porque daria maior tranqüilidade para os membros da chapa na campanha e evitaria o uso indevido de argumentos nesse processo."
Segundo Berzoini, "agregaria simpatia, por parte de militantes do PT, Dirceu mostrar que, num momento difícil para vida partidária, abre mão de algo para poder não criar nenhum tipo de falso debate no processo eleitoral".

Concessões
A sutileza nas críticas à política econômica e na avaliação da idéia de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foram as únicas concessões de Berzoini. Para viabilizar sua candidatura, ele concordou com a exigência de neutralidade na disputa pela presidência do PT nos Estados e municípios.
A pedido do grupo da ex-prefeita Marta Suplicy, também aceitou não interferir na disputa entre ela e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), os dois pré-candidatos ao governo de São Paulo em 2006.
Além de Lula, Berzoini recebeu aval do próprio Dirceu, com quem conversou no fim de semana, e espera para hoje a manifestação de apoio do atual presidente, Tarso Genro. Entre os consultados, Mercadante foi quem mais reagiu. Mas acabou cedendo.
Em meio à crise petista, Berzoini reconheceu que esse é um momento difícil para o partido. Disse ter afinidade com Tarso em 90% do que diz. E, numa demonstração de que se preparou para a campanha, listou como benesses do governo Lula a liberação de recursos para reforma agrária e habitação. Concluiu: "Respeito as declarações que ele [Tarso] deu, mas o acredito que existam motivos de sobra para votar no presidente Lula e no PT".
A menos de três semanas para a eleição, Berzoini disse ter diferenças de foco com a equipe econômica, não de fundo.


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