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IMPRENSA
Lula diz que mídia deve ser fiel à verdade
Na abertura do congresso da ANJ, presidente diz que liberdade de imprensa está ligada a compromisso com a imparcialidade
Homenageado no evento, Jaime Sirotsky afirma que mídia independente torna possível o conhecimento e o combate contra a corrupção
LILIAN CHRISTOFOLETTI
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem da
cerimônia de abertura do "6º
Congresso Brasileiro de Jornais", promovido pela ANJ
-Associação Nacional de Jornais. No evento, o presidente
reafirmou seu compromisso
pessoal e de governo com a liberdade de imprensa e ressalvou que essa liberdade está ligada ao compromisso com a
verdade.
A declaração de Lula foi feita
um dia depois de a Folha divulgar o polêmico projeto do PT
de "democratizar" a comunicação, com o incentivo à criação
de meios independentes de
grandes grupos econômicos. A
iniciativa seria subordinada a
uma secretaria ligada à Presidência da República.
"Um dos princípios da Carta
de Chapultepec afirma que a liberdade de imprensa está ligada ao compromisso com a verdade, a busca de precisão e a
imparcialidade" , disse Lula.
O presidente ainda completou: "A influência da palavra
escrita dependerá sempre da
sua veracidade e a nação pode
confiar com segurança na sábia
discriminação de um público
leitor que, com a melhora da
educação em geral, seja capaz
de discernir entre a verdade e a
ficção".
Sob a coordenação da SIP
(Sociedade Interamericana de
Imprensa), a Declaração de
Chapultepec foi aprovada em
março de 1994, no Castelo de
Chapultepec, na Cidade do México, e afirma o compromisso e
o apoio à liberdade de expressão e de imprensa. Trata-se de
uma carta de princípios assinada por chefes de Estado, juristas, entidades ou mesmo cidadãos comuns.
Em recentes discursos e atos
públicos de campanha, Lula
tem criticado a atuação da imprensa e diz ser discriminado.
Além do presidente, membros
do PT e do governo acusam setores da mídia de fomentar atitude golpista.
Minutos antes de Lula iniciar sua fala, o presidente da
ANJ, Nelson Sirotsky, que foi
reconduzido ontem ao cargo,
afirmou que a adesão do presidente aos princípios da Carta,
em maio deste ano, "é um compromisso definitivo do cidadão
Luiz Inácio Lula da Silva com
os princípios da liberdade de
expressão e de imprensa em
nosso país".
Lula afirmou ainda durante o
discurso que a história política
da vida dele deve-se muito à
imprensa livre e independente.
"A publicidade que ela deu à luta pela renovação dos movimentos dos sindicatos e da organização dos trabalhadores
nos anos 70, a despeito da censura que ainda vigorava naquele tempo, foi fundamental para
o início de um novo ciclo da
história brasileira. O meu compromisso com a liberdade e a
democracia é sagrado."
Combate à corrupção
O homenageado da noite,
Jaime Sirotsky, que já presidiu
a associação e recebeu o título
de sócio honorário da ANJ, disse que uma mídia independente permite o combate à corrupção. "Nos regimes autocráticos,
as mazelas não aparecem porque ficam mais escondidas."
O evento contou com a participação dos ministros Celso
Amorim (Relações Exteriores),
Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Dilma Rousseff (Casa Civil), Tarso Genro (Relações
Institucionais) e Luiz Dulci
(Secretaria Geral da Presidência); do presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), do
governador de São Paulo, Cláudio Lembo, e do prefeito da capital, Gilberto Kassab (PFL).
O congresso continua hoje e
amanhã no WTC Hotel, em São
Paulo, e deverá contar nesta
edição com um número recorde de 582 participantes.
Os trabalhos serão divididos
em cinco palestras gerais e debates e painéis simultâneos. Serão discutidas tendências e inovações no campo do conteúdo,
circulação, publicidade, tecnologia, gestão e responsabilidade
social das empresas.
A abertura do congresso
coincidiu com o encerramento
da Primeira Cúpula Latino-Americana de Líderes de Jornais, que reuniu especialistas
de 15 países diferentes em debates sobre os principais desafios estratégicos dos jornais da
América Latina.
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