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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS
Empresário acusa Costa por fraude na saúde
Laerte Correa Júnior diz que esquema visava quitar dívida da campanha do então ministro ao governo de Pernambuco
Acusado de ser homem de confiança do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, Correa Júnior nega participação nas irregularidades na pasta
ANDRÉA MICHAEL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à Polícia Federal sobre a Operação Vampiro, o empresário Laerte de Arruda Correa Júnior, acusado de
envolvimento em irregularidades em compras do Ministério
da Saúde, diz que há uma "organização criminosa" atuando no
órgão e faz referência à "República de Pernambuco", que visava saldar dívidas de campanha derrotada do então ministro Humberto Costa (PT-PE)
ao governo do Estado em 2002.
Neste ano, Humberto Costa
novamente é o candidato do PT
ao governo de Pernambuco.
Segundo Correa Júnior, Costa teria levado para o ministério três "operadores" com o objetivo de conseguir verba para
pagar uma dívida de campanha
de R$ 3 milhões. Costa negou,
em seu depoimento à Polícia
Federal, a existência da dívida e
que tivesse montado um esquema no Ministério da Saúde.
Em seu depoimento, Correa
Júnior diz ter ouvido em 2003
do empresário Frederico Coelho Neto, o Lilico, irmão do deputado federal Luiz Antonio
Fleury Filho (PTB-SP), que o
então ministro "tinha três homens de confiança, quais sejam
Pedro Henrique, Bruno Dantas
e Francisco Danúbio [Honorato], caracterizando uma República de Pernambuco".
Em relatório sobre a operação policial batizada de Vampiro por envolver fraudes no setor de hemoderivados, a PF
afirma que o esquema de fraude a licitações na Saúde seria
dividido em dois grupos: um ligado a Costa e o outro ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Delúbio
Correa Júnior é apontado como o homem de Delúbio no esquema. O empresário nega participação. Porém, em escuta telefônica de 13 de fevereiro de
2004, feita com autorização judicial, ele diz relatar a Delúbio
"tudo o que ocorre" com 90
dias de antecedência. Na conversa, o interlocutor é o também lobista Eduardo Pedrosa.
Segundo o lobista, as práticas
ilegais existem no ministério
desde a Presidência de Fernando Collor de Mello (1990-1992)
e seriam capitaneadas pelos
também lobistas Lourenço Peixoto e Jaisler Jabour.
Diz que as ilegalidades ocorrem nas áreas de hemoderivados, compras emergenciais e
insulina. Estariam se articulando no segmento de programas
especiais, como o da Aids, e teriam influência sobre a criação
de normas legais de interesse
de seus negócios.
Lourenço e Jabour estão entre as 17 pessoas presas pela Polícia Federal em maio de 2004,
na Operação Vampiro. Agora,
eles também integram a lista de
42 indiciados pela PF sob acusação de praticar os crimes de
fraude a licitações, corrupção
ativa e passiva, contra a ordem
econômica, tráfico de influência, formação de quadrilha, entre outros delitos.
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