São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS

Empresário acusa Costa por fraude na saúde

Laerte Correa Júnior diz que esquema visava quitar dívida da campanha do então ministro ao governo de Pernambuco

Acusado de ser homem de confiança do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, Correa Júnior nega participação nas irregularidades na pasta


ANDRÉA MICHAEL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à Polícia Federal sobre a Operação Vampiro, o empresário Laerte de Arruda Correa Júnior, acusado de envolvimento em irregularidades em compras do Ministério da Saúde, diz que há uma "organização criminosa" atuando no órgão e faz referência à "República de Pernambuco", que visava saldar dívidas de campanha derrotada do então ministro Humberto Costa (PT-PE) ao governo do Estado em 2002.
Neste ano, Humberto Costa novamente é o candidato do PT ao governo de Pernambuco.
Segundo Correa Júnior, Costa teria levado para o ministério três "operadores" com o objetivo de conseguir verba para pagar uma dívida de campanha de R$ 3 milhões. Costa negou, em seu depoimento à Polícia Federal, a existência da dívida e que tivesse montado um esquema no Ministério da Saúde.
Em seu depoimento, Correa Júnior diz ter ouvido em 2003 do empresário Frederico Coelho Neto, o Lilico, irmão do deputado federal Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP), que o então ministro "tinha três homens de confiança, quais sejam Pedro Henrique, Bruno Dantas e Francisco Danúbio [Honorato], caracterizando uma República de Pernambuco".
Em relatório sobre a operação policial batizada de Vampiro por envolver fraudes no setor de hemoderivados, a PF afirma que o esquema de fraude a licitações na Saúde seria dividido em dois grupos: um ligado a Costa e o outro ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Delúbio
Correa Júnior é apontado como o homem de Delúbio no esquema. O empresário nega participação. Porém, em escuta telefônica de 13 de fevereiro de 2004, feita com autorização judicial, ele diz relatar a Delúbio "tudo o que ocorre" com 90 dias de antecedência. Na conversa, o interlocutor é o também lobista Eduardo Pedrosa.
Segundo o lobista, as práticas ilegais existem no ministério desde a Presidência de Fernando Collor de Mello (1990-1992) e seriam capitaneadas pelos também lobistas Lourenço Peixoto e Jaisler Jabour.
Diz que as ilegalidades ocorrem nas áreas de hemoderivados, compras emergenciais e insulina. Estariam se articulando no segmento de programas especiais, como o da Aids, e teriam influência sobre a criação de normas legais de interesse de seus negócios.
Lourenço e Jabour estão entre as 17 pessoas presas pela Polícia Federal em maio de 2004, na Operação Vampiro. Agora, eles também integram a lista de 42 indiciados pela PF sob acusação de praticar os crimes de fraude a licitações, corrupção ativa e passiva, contra a ordem econômica, tráfico de influência, formação de quadrilha, entre outros delitos.


Texto Anterior: Folha sabatina hoje Aloizio Mercadante
Próximo Texto: Ex-ministro diz ignorar razão da denúncia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.