São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007 |
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Perícia prova desvio de verba, diz procurador "No caso Visanet, está bem detalhado o trânsito, a circulação do dinheiro, a sua origem e o seu final", afirma Antonio Fernando Responsável pela denúncia do mensalão fala que "em breve" decidirá se oferece denúncia contra o senador tucano Eduardo Azeredo
SILVANA DE FREITAS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, disse ontem que espera a condenação de todos os 40 réus do processo criminal do mensalão e que, entre as novas provas que irá encaminhar ao STF (Supremo Tribunal Federal) para "robustecer" as acusações, está uma perícia que comprova o uso de dinheiro público no episódio do fundo Visanet. "No caso Visanet, está bem detalhado o trânsito, a circulação do dinheiro, a sua origem e o seu final", disse, referindo-se a pagamentos feitos à DNA, do publicitário Marcos Valério, com recursos de cota do Banco do Brasil no fundo Visanet, no valor de R$ 73,8 milhões. Em relação ao julgamento final do mensalão, ele preferiu não estimar a duração do processo e disse: "Se eu proponho uma denúncia e ela é recebida, eu vou fazer todo o esforço para provar. A expectativa é que haja a condenação de todos." Antonio Fernando disse que "em breve" decidirá sobre o eventual oferecimento ao STF da denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), apontado como beneficiário do esquema "embrião" de desvio de recursos públicos montado por Marcos Valério em 1998. Ele anunciou ter prontas oito petições com laudos de perícias e outros documentos que apresentará ao STF logo após a publicação do acórdão da decisão de abertura da ação penal, o que deverá ocorrer em um mês. "Todas dizem respeito a provas que interessam", afirmou. "Essas perícias não destoaram do que afirmei [na denúncia]. Tecnicamente houve a confirmação do que se disse. Apontou-se o passeio do numerário de uma conta para outra." O procurador-geral confirmou a existência de outra perícia sobre o uso de dinheiro público no mensalão. Trata-se da reconstituição da trajetória de dinheiro do Ministério dos Esportes, que passou por contas da SMPB de Marcos Valério no Banco do Brasil e no Banco Rural e chegou a contas de Anita Leocádia, assessora do deputado Paulo Rocha (PT-PA). Ele disse que algumas provas "estão sobrando" e citou como exemplo a imputação de gestão fraudulenta de instituição financeira contra dirigentes e ex-dirigentes do Banco Rural. "Quanto a alguns fatos, a prova está sobrando. Em relação ao Banco Rural, por exemplo, existe uma auditoria do Banco Central que detalha toda a realização dos empréstimos, a falta de cuidado, de detalhes mínimos no oferecimento de crédito, se é que havia crédito." Antonio Fernando disse que, se o julgamento do processo fosse hoje, já haveria elementos suficientes para "várias" condenações, mas admitiu a fragilidade em relação a alguns pontos do processo, como a acusação contra o ex-ministro Luiz Gushiken, acusado de peculato. "Esse é um fato em relação ao qual posso acrescentar mais elementos. Estamos trabalhando nisso", declarou. "Vamos avaliar todos os votos e identificar os pontos em que se sentiu que o conjunto era mais débil." Ele negou que tenha ficado nervoso no momento em que os advogados dos 40 réus ocuparam a tribuna para tentar desqualificar a denúncia. "Quem tem que ficar nervoso são os denunciados. Se tem uma coisa que não me deixa nervoso são esses processos. O problema não é meu. Por que vou me preocupar? Quem exerce um cargo desses tem de estar pronto para falar e ouvir." Ele rebateu as críticas dos advogados às supostas inconsistências da denúncia, acusando-os de atuar como se estivessem em tribunal do júri, onde a emoção prevalece: "As sustentações orais foram no contexto mais de tribunal do júri, e nós estávamos no Supremo. O que precisavam apresentar naquele momento eram dados fáticos". Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Justiça rejeita cobrança de Valério ao PT Índice |
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