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ORÇAMENTO
Obra foi inaugurada por Lula; dois piscinões esperam por repasses
União ignora enchente em SP e destina R$ 13,5 mi à Radial
JULIA DUAILIBI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto obras para a prevenção de enchentes na capital paulista não receberam nenhum centavo neste ano do governo federal,
a ampliação da Radial Leste, projeto de apelo eleitoral mais imediato, obteve R$ 13,5 milhões da
União dois meses antes do pleito.
A inauguração da extensão do
trecho viário contou com a presença do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. No evento, doze dias
atrás, o presidente pediu votos
para a prefeita Marta Suplicy
(PT), candidata à reeleição.
De acordo com a execução orçamentária da cidade, as duas
únicas obras de prevenção a enchentes para as quais havia dinheiro federal previsto no orçamento do município deste ano
não receberam recursos.
Chamadas de piscinões, essas
construções são espaços subterrâneos que contêm o excesso de
água durante as chuvas, evitando
a inundação das ruas.
O dinheiro para os piscinões
não foi enviado até hoje. Mas o
Ministério da Integração Nacional mandou às vésperas das eleições municipais recursos no
montante de R$ 4,6 milhões para
a ampliação da Radial Leste. A
verba chegou em agosto. Outros
R$ 6,4 milhões foram disponibilizados agora, em setembro, pelo
Ministério das Cidades.
Os recursos fazem parte dos R$
13,5 milhões do governo federal
neste ano para fazer o trecho Itaquera-Guaianases da Radial Leste. O custo total do projeto ultrapassa os R$ 100 milhões.
Segundo a prefeitura, o novo
trecho da Radial também possibilita melhoria à população no tocante à prevenção de enchentes.
"O envio de recursos para a Radial Leste teve em vista o interesse
em ligar a cidade a esse extremo
da periferia para oferecer rápido
socorro em situações de emergência a pontos antes isolados e,
ainda, beneficiar o entorno com
intervenções que melhoraram o
escoamento de águas pluviais."
As obras para a contenção de
água no período chuvoso constavam do pleito da prefeita Marta
Suplicy em encontro com Lula e o
ministro da Integração Nacional,
Ciro Gomes, em janeiro deste
ano. Na época, a cidade de São
Paulo enfrentava as chuvas de verão, que causam caos no tráfego e
estragos nas regiões mais pobres.
A participação do presidente na
inauguração acirrou os ânimos na
disputa eleitoral paulistana.
A Justiça Eleitoral de São Paulo
pediu uma explicação formal sobre o caso ao Palácio do Planalto.
Anteontem, a Presidência respondeu por escrito à notificação
judicial, dizendo que Lula não feriu a lei ao participar da inauguração e, em discurso improvisado,
pedir votos para Marta.
Apesar da importância da ampliação da Radial Leste, pesquisa
Datafolha realizada em março
passado mostrou que os paulistanos elegiam o tema das inundações como o principal problema
da cidade. A baixa aprovação do
governo Marta na época foi atrelada ao desempenho do governo
municipal na área, em um momento em que as chuvas causavam inundações na cidade.
Piscinões
Dois piscinões, o Prates e o Pinheiros, esperam recursos do governo federal -R$ 2,2 milhões e
R$ 3,1 milhões, respectivamente.
Ao todo são R$ 5,3 milhões de
verba federal que consta do Orçamento da capital paulista para este ano. Até agora nada foi enviado
à cidade, segundo levantamento
feito pelo gabinete do vereador
Ricardo Montoro (PSDB), de
oposição à gestão petista.
Em janeiro deste ano, quando a
prefeita Marta Suplicy reuniu-se
com o ministro Ciro Gomes e
com o presidente Lula para discutir os projetos de infra-estrutura
para minimizar os problemas
causados com as inundações,
houve o comprometimento do
governo federal para ajudar a solucionar o problema. A prefeita
Marta pedia R$ 27 milhões.
A execução orçamentária mostra que nenhum centavo foi enviado para o Programa de Prevenção e Defesa contra Inundações.
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