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JANIO DE FREITAS
Eleição e cifrão
A crua conexão que o
presidente do Tribunal
Superior Eleitoral fez, publicamente, entre financiamento
privado das campanhas eleitorais e corrupção não se encerra no que ficou dito: estende-se sobre todo o país, como
um manto de imoralidade
que irradia corrupção, das
instâncias superiores do poder
público para todos os níveis e
recantos da vida brasileira.
Palavras de Sepúlveda Pertence: "O financiamento privado é um investimento que se
remunera à custa de corrupção. (...)É notório que há financiamento privado legítimo, motivado por filiação
partidária simplesmente, mas
o financiamento de grandes
empresas (...) é falsamente
gratuito".
Pode haver, aí, o que ressalvar quanto ao financiamento
partidário, que é insignificante no conjunto do financiamento eleitoral, tanto no total
como no caso de cada partido.
Mas não há o que contestar,
nem ao menos pôr em dúvida.
Há, porém, o que acrescentar,
necessariamente.
Ao corruptor corresponde o
corrompido. Como todas as
campanhas eleitorais são movidas a financiamento privado, é lógico que "a remuneração à custa de corrupção" é
feita pela poder público em geral, na instância municipal
das prefeituras e câmaras de
vereadores; na dos governos
estaduais e assembléias legislativas; e na do governo federal e Congresso, ou Câmara e
Senado. O que sobra? O Legislativo. Em termos. Porque
suas cúpulas são nomeadas
pelo poder executivo, nos Estados e no plano federal, um
dos poderes que provêm de financiamento que não passa
de "um investimento que se
remunera à custa de corrupção".
A generalização, que parte
do próprio presidente do TSE,
no caso não é temerária. Trata-se da regra geral, que, para
não fugir à própria regra, reconhece a existência de eleitos
que não vêem os seus financiadores como investidores e
não cogitam proporcionar-lhes retribuições materiais.
Mesmo entre esses, no entanto, é muito difícil encontrar
quem se tenha posto em confrontação, no exercício de suas
funções eleitas, com interesses
de seus financiadores.
Ao sistema eleitoral à brasileira e à vida política, por ele
conformada, só falta adotar
de uma vez sua emenda ao
princípio constitucional: todo
poder emana da corrupção e
em seu interesse será exercido.
Reprodução
O jornalista José Paulo de
Andrade, profissional destacado da Rádio Bandeirantes,
fez observações importantes
em texto dirigido à Folha, sobre a entrevista de Lula a representantes de rádios selecionadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência.
A primeira: "o presidente se
alongou em temas que lhe interessaram e impediu, com essa tática, que se fizessem duas
rodadas completas de perguntas, como estava acertado".
Outra: "dos 13 jornalistas só
quatro foram sorteados pelo
próprio presidente para uma
segunda pergunta; sem réplica, nem mesmo aparte".
Lula está na Presidência há
21 meses. Até hoje não concedeu uma entrevista de fato,
sem marotagens da sua Secretaria de Comunicação, ao jornalismo brasileiro. Igualou-se
aos generais-ditadores Médici
e Geisel.
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