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RETÓRICA OFICIAL
Presidente afirma que adotou ""jeito diferente" de governar
Governo prefere consensos ao pensamento único, diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou ontem, em discurso improvisado no Palácio do
Planalto, que prefere exercer a autoridade ao poder. Segundo ele,
seu governo "não é dono da verdade" nem busca impor um
"pensamento único".
Em sua fala, durante solenidade
na qual formalizou o envio de um
projeto de lei ao Congresso para
combater o trabalho informal, o
presidente disse que seu "jeito de
governar" é "culturalmente" diferente de seus antecessores.
"Eu adotei um jeito de governar
um pouco diferente do que habitualmente e culturalmente se faz
no Brasil. Eu duvido que em algum momento, em algum governo da história deste país, os segmentos da sociedade foram tão
chamados a participar, a ajudar a
elaborar as coisas como nós fazemos", afirmou o presidente.
Nesse contexto, Lula disse: "Eu
resolvi que, ao invés de exercer o
poder, é preciso exercer a autoridade. O que é exercer a autoridade? É quando, ao invés de você
impor um pensamento único, você constrói com todos os envolvidos aquilo que é o consenso possível de ser feito com a sociedade."
Para Lula, a forma de governar
"exercendo o poder" leva a erros.
"O exercer o poder é que permite
que você cometa todos os erros
possíveis em função da legalidade
de você ter sido eleito. E, portanto,
você pensa que pode tudo."
Desde o início de seu mandato,
o presidente tem sido acusado pela oposição de liderar um governo
autoritário. Uma das bases dos
opositores é o excesso de medidas
provisórias editadas pelo Palácio
do Planalto, deixando em segundo plano, segundo eles, as vias tradicionais do Congresso.
A tentativa de expulsão do país
do correspondente do jornal norte-americano "The New York Times" e o envio de um projeto de
lei ao Congresso que visa criar um
conselho federal com poderes de
fiscalizar e punir os jornalistas
também fomentaram as críticas.
Ao atuar apenas sob o respaldo
do poder, Lula diz que não teria a
obrigação de consultar a sociedade. "Aí, você não precisa consultar ninguém, você consulta o seu
advogado, consulta o seu assessor
econômico e, a partir daí, faz a
quantidade de leis que quiser,
manda para o Congresso Nacional. E daí, o resultado de muitas
leis serem aprovadas e, dez anos
depois, vê-se que elas não funcionaram. Talvez, o Brasil seja o único país do mundo que tem lei que
pega e lei que não pega, quando a
lei é obrigação de todos."
Ao final do discurso, o presidente afirmou: "Eu não tenho dúvida nenhuma de que nós vamos
fazer muito mais dessa forma,
sempre sabendo que o governo
não é dono da verdade e que não
custa nada a gente ouvir os parceiros, porque quem ouve tem
menos possibilidade de errar." (EDUARDO SCOLESE)
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