São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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Cresce o número de sindicalizados

DA SUCURSAL DO RIO

No mesmo ano em que o ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, aumentou em 6,4% o número de pessoas sindicalizadas no Brasil. De 2002 para 2003, o nível de sindicalização passou de 16,8% para 17,7% da população ocupada com dez anos ou mais de idade -o resultado mais alto desde o início da pesquisa, em 1992, revela a Pnad.
A sindicalização no setor agrícola foi a que registrou o maior crescimento de 1992 a 2003, passando de 13,5% para 22,1%. Dos 14,01 milhões de trabalhadores sindicalizados no ano passado, 3,63 milhões (25,9%) pertenciam ao setor agrícola.
Para a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Angela Jorge, serão necessários novos levantamentos para tirar conclusões sobre o motivo do aumento. "Como foi o primeiro ano em que houve uma alta elevada, temos que esperar para saber se é uma "bolha" ou uma tendência."
O grupo mais sindicalizado do país é o formado por empregados de atividades industriais, excluindo a indústria de transformação, com 34,7%. Vale ressaltar que esse grupo é pouco representativo, pois reúne apenas 221,3 mil sindicalizados (1,58% do total).
Em segundo lugar ficou o grupo da educação, saúde e serviços sociais (29,2%), seguido pelo da administração pública (26,6%). A proporção de pessoas sindicalizadas ficou em apenas 1,6% no grupo dos serviços domésticos e em 6,9% no da construção.
O levantamento do IBGE mostra que também aumentou o número de contribuintes da Previdência -elevação de 4% de 2002 para 2003, contra 2,4% de 2001 para 2002.
A proporção de contribuintes da Previdência em relação à população ocupada atingiu 46,4%, a maior desde 1992. Para o IBGE, o incremento no emprego com carteira assinada, que concentra a maioria dos contribuintes, foi uma das causas principais para o aumento do índice.
Para José Pastore, professor da USP (Universidade de São Paulo) e especialista em relações trabalhistas, o aumento da sindicalização pode estar relacionado a um conjunto de fatores: aumento do emprego formal na agricultura, crescimento da filiação no setor público e às campanhas "promocionais" de sindicalização, que incluíram até o empréstimo com desconto em folha negociado pelos sindicatos.
"A explosão do agronegócio foi feita com uma expansão do emprego formal que, como se sabe, é muito mais sindicalizado do que informal", diz Pastore, ao se referir ao aumento de sindicalizados no setor agrícola.


Colaborou Claudia Rolli, da Reportagem Local

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