São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

O fator Hamilton

O PT não está seguro de que Hamilton Lacerda seguirá o exemplo de Delúbio Soares e Jorge Lorenzetti, assumindo a bronca em silêncio e até o fim. O homem apontado pela PF como carregador da mala de dinheiro que pagaria o dossiê contra José Serra planejava ascender em futuras administrações do partido e eventualmente se candidatar a deputado, movimento abortado pela condição de bode expiatório do escândalo. Em privado, petistas dizem que o comportamento de Aloizio Mercadante, a quem Lacerda era diretamente subordinado na campanha de São Paulo, "não está sendo o combinado". Como assim? O senador, alegam, não se limitou a demonstrar distância do ex-braço-direito, passando a rifá-lo em público.

Pote de mágoa. Maria Isabel Fonseca, mulher de Lacerda e ex-secretária adjunta de Administração da Prefeitura de Guarulhos, não está nada satisfeita com o tratamento dispensado por Mercadante a seu marido. Já sugeriu que, se exagerarem na dose, vai sobrar para mais gente.

Genérico. No início da campanha, a equipe de Mercadante planejou criar em São Paulo uma "central de inteligência" similar à do QG de Lula. Hamilton Lacerda seria o Jorge Lorenzetti local. Com ele trabalharia Silas Redondo, outro auxiliar do senador.

Fogo amigo. Lacerda é veterano em dossiês. Em julho do ano passado, foi acusado de tentar forjar um flagrante de compra de fitas recheadas de escutas ilegais para tirar o oponente Horácio Neto da disputa pela presidência do PT de São Caetano do Sul.

Garganta. O ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso desempenhou múltiplas tarefas na operação dossiê. Hoje se sabe que foi ele o responsável por vazar para a imprensa, na véspera da publicação da "IstoÉ", um resumo do conteúdo das acusações da revista contra Serra.

Susto. Um carro circula por São Paulo puxando um busto de quatro metros de altura da neotucana Dr. Havanir, candidata a deputada federal. Os passantes são surpreendidos, a cada minuto, com o grito de guerra da ex-PRONA: "Meu nome é Havanir!".

Herdeiro. Candidato a deputado estadual, o promotor Fernando Kapez (PSDB) distribui pela internet carta assinada por um oficial da reserva da PM que o coloca como alternativa de voto para eleitores "órfãos" do Cel. Ubiratan, assassinado no início do mês.

Com e sem. A audiência do debate da Globo -31 pontos na média- foi rigorosamente a mesma do programa realizado no primeiro turno da eleição de 2002, com Lula presente. O presidente avaliava que, devido à sua ausência, a audiência seria "pífia".

Meus caros. Esclarecimento de um assessor palaciano: a carta anunciando que Lula faltaria ao debate não foi endereçada ao Departamento de Jornalismo, e sim aos acionistas da Rede Globo.

Novela. No Departamento de Jornalismo, o W.O. de última hora gerou perplexidade. A avaliação dominante é a de que a Globo foi usada em uma encenação, e que Lula jamais pretendeu ir ao debate.

Uni-duni-tê. Cláudio Lembo foi o primeiro convidado da campanha tucano-pefelista a chegar ao estúdio da Globo na noite de quinta. Ao ver o governador paulista, conhecido pelas estocadas em seu sucessor, procurar lugar, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) brincou: "Ele é convidado do Lula ou do Alckmin?".

Ato falho. Do candidato Geraldo Alckmin ao término do debate, comentando seu equívoco de trocar a palavra "imposto" por "esgoto": "É porque hoje, com tanto imposto e um governo que não sabe gastar, nosso dinheiro vai mesmo para o esgoto".

Tiroteio

"Lula disse que não poderia deixar de estar com os companheiros Luizinho e Mentor. Com isso, mostra que vê o povo brasileiro como inimigo".
De MIGUEL REALE JR., coordenador do comitê financeiro da campanha de Geraldo Alckmin, sobre o fato de o presidente ter deixado de debater na Rede Globo para dividir o palanque com mensaleiros.

Contraponto

Imagem e semelhança

Em evento de campanha em Curitiba, com a presença de estudantes de escolas públicas da capital paranaense, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) foi abordado por uma menina que queria saber por que razão os políticos da legenda são chamados de tucanos.
Paciente, Fruet explicou à aluna que a ave foi escolhida como símbolo do partido no momento de sua fundação, em 1988, por ser "bem brasileira". Depois de ouvir atentamente as considerações zoológicas do parlamentar, a garota manifestou sua surpresa:
-Ah... Achava que era por causa do nariz do Alckmin.


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