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outro lado
Incra promete recorrer, e proprietários apontam erros no relatório
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Incra, Rolf
Hackbart, disse que vai recorrer das multas por desmate:
"Estamos recorrendo de todas
as multas, elas são indevidas".
O principal argumento do Incra é que o corte de árvores nos
assentamentos é anterior à
criação dos projetos de reforma
agrária. Os assentamentos
multados foram criados no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). E, até 2001,
imóveis localizados no bioma
amazônia ainda podiam desmatar até metade da área e não
apenas 20%, como foi definido
já na reta final do governo FHC.
"Até agora não obtivemos do
Ibama uma informação precisa
sobre quando ocorreu o desmatamento... Todos os imóveis rurais que o Incra obteve para a
reforma agrária estavam degradados, isso é coisa antiga." As
multas aplicadas pelo Ibama à
autarquia somam R$ 265,6 milhões. A área total de corte de
árvores somam 2,3 mil km2.
A Folha não conseguiu localizar ontem Léo Andrade Gomes, apontado pelo Ibama como responsável pela maior
área de abate de árvores depois
dos assentamentos. No endereço que consta nos documentos
do Ibama não havia ontem nenhuma pessoa com esse nome.
De 11 proprietários contatados pela Folha, dez afirmaram
ser um equívoco a inclusão de
seus nomes no relatório.
A exceção foi o produtor rural Valdecyr Ferreira, 62º na
lista. Segundo seu procurador,
Alex Zarelli, a propriedade de
Ferreira no município de Costa
Marques (RO) desmatou além
da reserva legal exigida por lei.
Ele nega, porém, o desmatamento de área de especial preservação: "É uma mentira. Essas áreas têm documentos definitivos expedidos pelo Incra".
Pai e filho, José de Castro
Aguiar e José de Castro Aguiar
Filho apareceriam na nona posição da lista se as áreas que
eles são acusados de desmatar
fossem somadas. Aguiar Filho
diz que só derrubou 500 hectares de floresta em São José do
Xingu (MT) sem autorização e
que os dados do Ibama (9.400
hectares) estão errados. "Para
fazer derrubada de mata e deixar a terra pronta para plantar,
custa em torno de R$ 2.000 por
hectare. É economicamente inviável derrubar essa área toda."
Sobre a área em nome do pai,
em Canabrava do Norte (MT),
diz que "houve limpeza de pastagem em área já degradada,
sem destruição de floresta".
A empresa Celso Padovani &
Cia Ltda é a 12ª maior desmatadora do Brasil, segundo o governo. Celso Padovani diz que a
empresa, sediada em Cascavel
(PR), aparece na lista do ministério porque as terras que vendeu ainda não foram transferidas para o nome dos compradores. "A minha empresa compra glebas grandes e corta em
partes pequenas para vender
financiado em seis, oito anos."
Ubirajara Amorim, diretor
da Agropecuária Jarinã S.A.
(20ª na lista), diz que a empresa foi montada em Peixoto de
Azevedo (MT) com apoio da
Sudam, que permitia o desmate de 50% da área: "Temos licenças ambientais. Não acho a
multa justa. Estou juntando
documentação para provar que
a fazenda é um modelo".
Marco Antônio Siviero (83º),
proprietário em Dom Eliseu
(PA), diz que não é responsável
pela área citada e que espera
"um pedido de desculpas". Olivier Vieira (29º) diz que a inclusão de sua terra em São José
do Xingu (MT) foi "puro equívoco, confusão de agentes que
olham pela foto do satélite".
Gilberto Batista de Lucena
(45º) diz que a fazenda citada
não está em seu nome. A Floraplac Industrial Ltda (18ª na lista), de Paragominas (PA), diz
que apenas "capim" foi retirado e que a área atingida é menor. Rosenval Alves dos Santos
(60º) e Eugênio Queiróz, filho
de Geraldo Queiróz (97º na lista), negam as irregularidades.
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