São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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Meirelles se filia ao PMDB e diz que Presidência "é destino"

Presidente do BC vai permanecer no cargo pelo menos até março do ano que vem

Como parte do acordo para a filiação, Meirelles não será candidato ao governo de GO; por ora, ele também descarta disputar vaga no Senado


MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, informou ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vai se filiar ao PMDB. Em entrevista à Folha, Meirelles afirmou ter recebido de Lula apenas duas recomendações, aceitas de pronto: não concorrer ao governo de Goiás e ficar no BC ao menos até março de 2010, prazo para a desincompatibilização das autoridades que desejam buscar um cargo eletivo. A seguir, a íntegra da entrevista com o presidente do BC:

 

FOLHA - Por que o sr. decidiu filiar-se a um partido político?
HENRIQUE MEIRELLES
- Para assegurar a preservação dos meus direitos políticos e ter a possibilidade de ter a via eleitoral como uma das opções futuras.

FOLHA - Por que o PMDB?
MEIRELLES
- ?É o maior e mais tradicional partido de Goiás. Recebeu-me de braços abertos e o prefeito Íris Resende, candidato a governador pelo partido e um dos líderes nas pesquisas, ofereceu retirar sua candidatura a governador para me apoiar. Não aceitei a oferta pois tenho compromisso com o país e com o presidente Lula para manter foco total no Banco Central pelo menos até abril de 2010. Uma candidatura a governador seria incompatível com esse compromisso.

FOLHA - O sr. foi um dos fiéis da estabilidade durante esses sete anos de governo. Não está jogando tudo fora num único ato de filiação?
MEIRELLES
- Não. Essa avaliação nasce do equívoco de que política monetária frouxa e inflação alta são bons eleitoralmente. Já repeti isso outras vezes: os benefícios de politicas monetária e cambial responsáveis são reconhecidos pela população brasileira. Nos últimos 60 dias conversei com cerca de 450 investidores e analistas estrangeiros e não ouvi esse tipo de preocupação. Ao contrário, eles consideram positivo para a democracia brasileira que pessoas com as minhas preocupações tomem essa atitude.

FOLHA - Como o presidente Lula reagiu à sua filiação?
MEIRELLES
- O presidente recomendou-me não ser candidato a governador e ficar no BC pelo menos até março de 2010. Atendi à recomendação. O presidente também manifestou a preferência para que eu permaneça até dezembro de 2010, mas disse que respeitaria uma decisão de saída em abril de 2010 caso fosse minha opção. Certamente este será um importante fator a ser levado em conta.

FOLHA - O senhor quer ser candidato à Presidência?
MEIRELLES
- A Presidência é oportunidade e destino, e não um ato de vontade.

FOLHA - À Vice-Presidência?
MEIRELLES
- O mesmo.

FOLHA - Ao Senado por Goiás?
MEIRELLES
- É uma possibilidade a ser considerada em março de 2010. Hoje não sou candidato.

FOLHA - Quer dizer que o governo de Goiás está descartado.
MEIRELLES
- Não serei candidato ao governo de Goiás. Uma candidatura a governador pelo PMDB com apoio do Íris Resende demandaria dedicação prioritária a partir do lançamento. O partido tem um candidato e um líder hoje. Caso eu aceitasse ser candidato, seria adequado sair do BC. Isto seria inadequado frente ao meu compromisso público com o presidente e com o país. Não tenho por hábito abandonar uma missão antes de cumpri-la.


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