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Meirelles se filia ao PMDB e diz que Presidência "é destino"
Presidente do BC vai permanecer no cargo pelo menos até março do ano que vem
Como parte do acordo para
a filiação, Meirelles não será candidato ao governo de GO; por ora, ele também descarta disputar vaga no Senado
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, informou ontem ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva que vai se
filiar ao PMDB.
Em entrevista à Folha, Meirelles afirmou ter recebido de
Lula apenas duas recomendações, aceitas de pronto: não
concorrer ao governo de Goiás
e ficar no BC ao menos até
março de 2010, prazo para a
desincompatibilização das autoridades que desejam buscar
um cargo eletivo.
A seguir, a íntegra da entrevista com o presidente do BC:
FOLHA - Por que o sr. decidiu filiar-se a um partido político?
HENRIQUE MEIRELLES - Para assegurar a preservação dos meus
direitos políticos e ter a possibilidade de ter a via eleitoral como uma das opções futuras.
FOLHA - Por que o PMDB?
MEIRELLES - ?É o maior e mais
tradicional partido de Goiás.
Recebeu-me de braços abertos
e o prefeito Íris Resende, candidato a governador pelo partido
e um dos líderes nas pesquisas,
ofereceu retirar sua candidatura a governador para me apoiar.
Não aceitei a oferta pois tenho compromisso com o país e
com o presidente Lula para
manter foco total no Banco
Central pelo menos até abril de
2010. Uma candidatura a governador seria incompatível
com esse compromisso.
FOLHA - O sr. foi um dos fiéis da estabilidade durante esses sete anos
de governo. Não está jogando tudo
fora num único ato de filiação?
MEIRELLES - Não. Essa avaliação
nasce do equívoco de que política monetária frouxa e inflação alta são bons eleitoralmente. Já repeti isso outras vezes:
os benefícios de politicas monetária e cambial responsáveis
são reconhecidos pela população brasileira.
Nos últimos 60 dias conversei com cerca de 450 investidores e analistas estrangeiros e
não ouvi esse tipo de preocupação. Ao contrário, eles consideram positivo para a democracia
brasileira que pessoas com as
minhas preocupações tomem
essa atitude.
FOLHA - Como o presidente Lula
reagiu à sua filiação?
MEIRELLES - O presidente recomendou-me não ser candidato
a governador e ficar no BC pelo
menos até março de 2010.
Atendi à recomendação. O presidente também manifestou a
preferência para que eu permaneça até dezembro de 2010,
mas disse que respeitaria uma
decisão de saída em abril de
2010 caso fosse minha opção.
Certamente este será um importante fator a ser levado em
conta.
FOLHA - O senhor quer ser candidato à Presidência?
MEIRELLES - A Presidência é
oportunidade e destino, e não
um ato de vontade.
FOLHA - À Vice-Presidência?
MEIRELLES - O mesmo.
FOLHA - Ao Senado por Goiás?
MEIRELLES - É uma possibilidade
a ser considerada em março de
2010. Hoje não sou candidato.
FOLHA - Quer dizer que o governo
de Goiás está descartado.
MEIRELLES - Não serei candidato
ao governo de Goiás. Uma candidatura a governador pelo
PMDB com apoio do Íris Resende demandaria dedicação
prioritária a partir do lançamento. O partido tem um candidato e um líder hoje. Caso eu
aceitasse ser candidato, seria
adequado sair do BC. Isto seria
inadequado frente ao meu
compromisso público com o
presidente e com o país. Não tenho por hábito abandonar uma
missão antes de cumpri-la.
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