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REFORMA AOS PEDAÇOS
Governo quer votar projeto em 1º turno em 30 de novembro
Comissão do Senado aprova texto da reforma tributária
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma votação simbólica
-houve apenas seis votos contrários-, a CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado
aprovou ontem o texto-base da
reforma tributária. A comissão é
composta por 23 integrantes.
Após a apreciação dos destaques,
que deve ocorrer na próxima semana, o governo espera votar em
plenário o primeiro turno em 30
de novembro, e o segundo, no dia
15 de dezembro.
O conteúdo aprovado ontem
contempla temas vitais para o governo, como a prorrogação da
CPMF (o imposto do cheque)
com a alíquota de 0,38%, a DRU
(desvinculação de 20% do Orçamento) e a cobrança de contribuições sociais sobre produtos importados, responsável por R$ 4,4
bilhões na previsão das receitas.
O relatório de Jucá alterou, porém, regras importantes da principal proposta do projeto: a unificação da legislação do ICMS. Se o
plenário do Senado mantiver o
texto, como é a tendência, o novo
ICMS terá de ser novamente analisado pela Câmara, o que impedirá sua aprovação neste ano.
O verdadeiro embate, no entanto, foi prorrogado para a próxima
semana, quando, na apreciação
das mais de 400 matérias destacadas pelos senadores para votação
em separado, a base do governo
terá de enfrentar seu maior desafio: ceder ou não à reivindicação
dos governadores e da oposição
de transformar em investimento
da União a fundo perdido nos Estados o que hoje, conforme o relatório aprovado, são linhas de financiamento contidas no Fundo
de Desenvolvimento Regional.
"Se não tiver solução para o
FDR, será muito difícil continuar
a tramitação", disse Rodolpho
Tourinho (PFL-BA), analisando a
votação em plenário, instância
em que os não-alinhados (PFL,
PSDB e PDT) somam 34 votos. A
base do governo tem 47.
Tourinho e Tasso Jereissati
(PSDB-CE) apresentaram pareceres em separado ontem para marcar posição. Eles não foram apreciados, pois a preferência era para
o texto do relator, Romero Jucá
(PMDB-RR). Da mesma forma
que Jucá, Jereissati e Tourinho
postergam para 2007 a mudança
na forma de cobrança do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), ponto
nevrálgico da reforma tributária.
Negociação
O relator foi o primeiro a sinalizar os caminhos para a negociação, de olho no cumprimento do
prazo exíguo: votar o texto em
plenário, em segundo turno, até
15 de dezembro. "Meu relatório
está levando em consideração a
insegurança [em relação à arrecadação] em um momento em que
não há crescimento econômico."
O líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), ressalvou
que o relatório de Jucá não é "a reforma que o país precisa", mas a
possível no momento, tendo em
vista a necessidade de iniciar a revisão da matriz tributária garantindo a arrecadação. Calheiros
também defendeu o FDR no perfil pleiteado pelo governadores.
A votação do relatório foi simbólica. Votaram contra o relatório
de Jucá os pefelistas César Borges
(BA), Jorge Bornhausen (SC), José Jorge (PE) e Tourinho, além
dos tucanos Tasso Jereissati (CE)
e Eduardo Azeredo (MG).
"É evidente que estamos diante
de uma reforma capenga, para fazer caixa para o governo, contra o
contribuinte", disse Bornhausen.
Interessado na negociação, mas
compromissado com os interesses do Palácio, o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante
(PT-SP), foi mais comedido.
"Não é criando mais um fundo
que se vai resolver o problema do
desenvolvimento regional. É preciso ter mais claros os objetivos."
Depois de criticar a proposta tucana -questionando a viabilidade de fundir no chamado IVA
(Imposto sobre Valor Adicionado) todos os impostos e contribuições- e a do PFL -por ser
contra a tributação progressiva
do patrimônio-, Mercadante
reafirmou a disposição do governo de achar uma saída para o impasse gerado em torno do FDR.
Sinalizou com a possibilidade de
condicionar a liberação das verbas à apreciação do Congresso.
Não há recursos no Orçamento
para sustentar o FDR. A saída seria, conforme se discute nos bastidores, fechar a proposta agora para implantá-la somente em 2005.
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