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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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DE 2002 A 2004

Ministro afirma que PT não criou grupo para minar adversários

Bastos nega ação de petistas e diz que aceita ir ao Congresso

IURI DANTAS
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, declarou ontem que o PT não criou um destacamento para minar candidaturas adversárias na corrida à Presidência no ano passado. Ele disse que vai ao Congresso, caso seja convidado, para explicar a questão.
"O Congresso Nacional é soberano. Eu vou com muito prazer, quantas vezes for convidado", afirmou o ministro ontem.
Amigo próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro disse que, se algo houvesse, ele saberia. "Tomei conhecimento do caso pela primeira vez pela revista "Veja"." A revista divulgou a existência de uma espécie de "esquadrão petista" que teria a missão de descobrir irregularidades sobre os adversários de Lula durante a campanha presidencial de 2002.
Um dos atingidos seria o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que era candidato a vice de Ciro Gomes.
"Nunca ouvi falar nisso. Fiquei estupefato, eu não sei disso. Se tivesse alguma coisa, eu saberia, mas nunca houve, com certeza nunca houve. A minha posição, o meu status, é mais do que não saber, sei que não existiu", afirmou.
O ministro trabalhou intensamente nas quatro candidaturas de Lula à Presidência da República (89, 94, 98 e 2002). Além de não ver problema em comparecer ao Congresso para falar sobre o suposto grupo de inteligência petista, Bastos minimizou a importância de uma CPI sobre o tema.
Anteontem, congressistas de oposição sugeriram a instalação da CPI. "Acho que se podia fazer uma CPI, o Congresso pode fazer quantas CPIs quiser", disse.
Segundo o ministro, o PT não cometeu nenhuma falta ética ou legal durante a campanha.

ACM e Genoino
Outro citado na reportagem da revista, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) negou ter entregue a um emissário do PT, durante a campanha presidencial de 2002, um dossiê sobre o economista Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil e ex-caixa de campanhas eleitorais tucanas, com denúncias que foram divulgadas na imprensa, supostamente para atingir o então presidenciável José Serra (PSDB).
ACM afirmou ter conversado com o sindicalista Wagner Cinchetto durante a campanha, no hotel Maksoud Plaza, sobre "fatos que conhecia em relação ao ministro José Serra, que foram amplamente divulgados" -como acusações que já eram públicas contra Ricardo Sérgio e o suposto envolvimento da campanha tucana no episódio que levou à renúncia da então candidata do PFL Roseana Sarney (AM).
O senador, no entanto, negou a informação publicada pela revista de que teria entregue uma documentação contra Ricardo Sérgio ao advogado Terence Zveiter.
"Esteve comigo em São Paulo o Wagner [mais tarde ele disse o sobrenome, por meio de sua assessoria]. Falei com ele sobre coisas já públicas. Não entreguei nenhum documento. Não existe dossiê nenhum. Não houve calhamaço de mil páginas. Até porque o Ricardo Sérgio não merecia um dossiê de mil páginas", disse.
O presidente do PT, José Genoino, disse ontem em São Paulo que "a matéria [da "Veja"] não tem pé nem cabeça". Genoino afirmou ainda que não vê motivo para que Paulinho deixe o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conforme o sindicalista anunciou anteontem. "Não é bom. Ele tem que continuar."


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