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"Documentos devem ser abertos", diz dom Paulo
DA REDAÇÃO
Na Câmara Municipal de São
Paulo, no aguardo dos manifestantes que acompanharam a homenagem ao metalúrgico Santo
Dias da Silva, o arcebispo emérito
de São Paulo, dom Paulo Evaristo
Arns, conversou rapidamente
com a Folha. Na entrevista, falou
sobre a reabertura de documentos da ditadura militar.
"Cada instituição tem suas regras. Eu, por exemplo, fui arcebispo de São Paulo por 28 anos e tinha regras fixas as quais devia
obedecer. O Fernando Henrique
[Cardoso], estabeleceu que alguns documentos que tratam de
segredos militares só fossem
abertos daqui a 50 anos. Então, o
novo presidente, provavelmente
em respeito a esse decreto, mas
também por causa da irritação da
ala dura do Exército- que soltou
nota inconveniente esses dias-,
não se conformaria se a abertura
fosse imediata", disse.
O arcebispo diz que a abertura
dos documentos deve ser feita
imediatamente. "Porque ainda há
pessoas que podem confirmar e
testemunhar. Há quem possa
acrescentar ou modificar alguma
coisa porque pertenceram àquele
tempo em que esses arquivos revelavam a tortura máxima no
Brasil, sobretudo no tempo dos
generais pós AI-5".
Perguntado sobre se há falta de
união entre as Forças Armadas,
Congresso, entre outros poderes,
foi categórico. "Acho que não.
Ninguém pode ir contra uma determinação do presidente da República. Se ele declarar que todos
os documentos devem ser abertos
ao público, nós temos simplesmente que obedecer. Mas, como
existe uma linha dura dentro do
Exército, que pode se revoltar,
acredito que o presidente tome
muito cuidado para não agravar
uma dissidência dentro da própria corporação.
E o que poderia ser feito em relação à abertura imediata dos documentos? "O Lula tem plena liberdade em fazer o que quiser, e
também a plena liberdade de não
fazer nada."
Sobre o ato em homenagem a
Santo Dias, disse que o metalúrgico é símbolo da luta contra os
oprimidos e por isso conhecido
em todo o Brasil.
(KC)
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