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Ex-secretário defende
a abertura dos arquivos
DO ENVIADO A CAXAMBU
O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo
Soares disse ontem, em Caxambu
(MG), ser favorável a "abrir inteiramente" os arquivos existentes
da ditadura.
O fato de muitos documentos
não terem ainda sido liberados,
ele diz, acontece "em nome da
precaução", mas, ao adiarem a
sua divulgação, aumentam as tensões "entre civis e militares" e
"entre militares e militares".
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva tem sofrido pressões para rever um decreto editado pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso [1995-2002], às vésperas
da posse de Lula, que ampliou o
prazo de indisponibilidade de documentos oficiais considerados
sigilosos. Nesta semana, o ministro dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, anunciou que a
revisão e a abertura dos arquivos
serão feitas "sem pressa".
Enquadramento
O ex-secretário disse acreditar
que os grupos militares que resistem à divulgação de documentos
"não teriam como reagir" se o governo Lula, dentro de um princípio de autoridade, ordenasse que
isso fosse feito.
"Se seguirmos a linha de autoridade e de hierarquia haveria enquadramento [dos descontentes]", afirmou o cientista social,
atualmente professor da Uerj
(Universidade do Estado do Rio
de Janeiro).
Ele diz que a demora em abrir os
arquivos da ditadura continua
"animando esse personagem misterioso que são "as forças ocultas'", que cria a "expectativa de
tensões".
"Esses grupos [militares] só têm
poder na medida em que continuem a ser tratados como fontes
misteriosas de um virtual poder
tentacular que tem que ser sempre reverenciado. Se o governo
agisse, não teriam como reagir."
Para o ex-secretário de Segurança Pública, há uma diferença,
"que negligenciamos no Brasil",
entre perdão e esquecimento.
Para que haja uma verdadeira
reconciliação, ele disse, é necessário que a verdade apareça, e os fatos do regime militar sejam conhecidos do público.
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