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RETA FINAL
Petista volta a acusar tucano de não ter proposta para a cidade; candidato do PSDB repete que Marta "gasta mal"
Marta "vende" realizações; Serra ataca gestão PT
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Marta Suplicy (PT) e José Serra
(PSDB) partiram para estratégias
opostas no último debate entre os
dois candidatos à Prefeitura de
São Paulo, ontem à noite. Enquanto a prefeita realçava seu ímpeto realizador, o tucano destacava problemas administrativos da
atual gestão.
Marta falou várias vezes ao longo dos blocos do que pretende fazer e de seus projetos, sendo incisiva ao acusar Serra de não apresentar propostas. "Eu não sou
uma pessoa que fica reclamando.
Eu sou uma pessoa da solução",
disse a prefeita no quarto bloco,
de embate direto entre os dois.
Serra, por sua vez, afirmava que
há muitas falhas e demora justamente em resolver problemas administrativos. Para rebater as críticas, disse que sua principal promessa é "trabalhar desde a primeira hora". Por duas vezes, lembrou que quando ministro visitava os locais para verificar os problemas e dar soluções rápidas e
disse que Marta não faz isso. Um
dos exemplos foi uma "caldeira"
no hospital do Campo Limpo (zona sul), tema que já havia sido
abordado no debate anterior.
Muitos pontos do primeiro debate do segundo turno, aliás, foram abordados novamente no
enfrentamento de ontem, como a
verba do gabinete da prefeita e a
disputa entre o governo e a prefeitura na área da habitação.
A petista tentou "colar" em Serra a imagem de evasivo em relação a suas propostas. Por exemplo, quando disse que o tucano
não vai construir os 24 CEUs
(Centros Educacionais Unificados) que constam da proposta de
governo da petista.
Já o tucano quis passar a imagem de que Marta "gasta mal" o
dinheiro da prefeitura e que parte
para enfrentamentos desnecessários. Quando fez tréplica a resposta da petista sobre o transporte,
frisou: "O dinheiro não é seu Marta, é da prefeitura".
Em outro ponto, disse que a petista "briga" com o governo Geraldo Alckmin (PSDB), principal
cabo eleitoral do tucano, em vez
de trabalhar em parceria.
"Arena"
A Globo utilizou, pela primeira
vez nesta eleição, uma fórmula de
"arena", em que os dois candidatos andavam livremente pelo cenário. Enquanto Serra ficava andando quando Marta falava, a petista preferia ficar parada em seu
"corner" na hora em que o adversário respondia às perguntas.
Poucas vezes olharam-se olhos
nos olhos.
Na platéia, havia 39 indecisos
"selecionados pelo Ibope entre
paulistanos de todos os bairros,
idades e profissões", nas palavras
do apresentador Chico Pinheiro,
o mediador. Eles puderam fazer
questões no primeiro e no terceiro blocos. Foram selecionadas
perguntas de 12 deles e os candidatos puderam escolher oito delas, sem saber quais eram.
Nos outros dois blocos, houve
enfrentamento direto entre os
dois, mas o grau de hostilidade
não se aproximou ao do debate
anterior do segundo turno. Não
houve, por exemplo, nenhuma
concessão de direito de resposta.
Mesmo nas respostas, a prefeita
se esforçava por mostrar-se como
uma pessoa humilde. Chamou de
"amigo" um dos indecisos. Serra
também fez questão de passar a
imagem de um candidato propositivo, que não faz ataques. Agradeceu até a Marta ao final de sua
fala, no quinto bloco.
A prefeita, em suas considerações finais, fez menção à discussão que teve com Chico Pinheiro
no ano passado, ao vivo, e que foi
levada ao ar pelo programa de
Serra para mostrá-la como desequilibrada. "Você sabe que te liguei e pedi desculpas, porque você não tinha como saber que eu
andava de colete à prova de balas", disse, dirigindo-se ao apresentador.
Bronca na platéia
Se Serra e Marta mantinham-se
nos limites estabelecidos, seus
convidados não. O apresentador
Chico Pinheiro teve de chamar a
atenção da platéia para que se ativesse às regras de não fazer nenhum tipo de manifestação.
"Não é PT nem PSDB. Somos
adultos", repreendeu.
Os dois candidatos tentaram levar o debate para as questões que
repisaram durante toda a campanha e não apareceu nenhum assunto novo, sem "pegadinhas" de
ambos os lados. Foi, basicamente,
uma discussão técnica.
Ainda no primeiro bloco, ao
responder a uma questão sobre os
problemas urbanos, Serra disse
que "demora 120 dias para abrir
uma empresa", a exemplo do que
vem fazendo durante toda a campanha. Marta só respondeu blocos mais tarde, quando colocou a
culpa pela demora no governo estadual. Falou que a parte da prefeitura ficava pronta em sete dias.
O vice de Serra, o ex-secretário
de Pitta Gilberto Kassab, só apareceu de relance, mencionado, obviamente por Marta, ao final de
uma resposta. No primeiro debate, quando a desvantagem da petista nas pesquisas era muito
maior, o vice de Serra foi um dos
principais alvos dos ataques.
O programa da Globo teve média de audiência de 37 pontos (cada ponto equivale a 49,5 mil domicílios na Grande SP), a maior
de todos os debates realizados
nesta eleição. Se todos os espectadores forem eleitores, dá um público estimado de 1,85 milhão de
votos -mais que suficiente para
consolidar a vitória ou a virada.
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