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TRANSPORTES
Secretário da Casa Civil nega interesse eleitoral e diz que decreto do Metropass "só ficou pronto nesta semana"
A 2 dias da eleição, Alckmin viabiliza Bilhete Único
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com três meses de atraso e a
dois dias das eleições, a administração Geraldo Alckmin (PSDB)
publicou um decreto para viabilizar a criação do Metropass, bilhete único do Estado que pretende
integrar a rede de transporte coletivo em São Paulo -e ser um
contraponto político do bilhete
único de Marta Suplicy (PT).
O Metropass, previsto desde
1998, deverá inicialmente trazer
mudanças mais tecnológicas do
que financeiras aos passageiros,
ao permitir que eles tenham um
só cartão magnético, com capacidade de armazenar créditos, para
acessar as linhas de trem e de metrô -algo que já é possível hoje,
mas com bilhetes convencionais.
Também é prevista a compatibilização do Metropass com os
ônibus municipais e intermunicipais -mas, além de ser em uma
fase posterior, dependendo de negociações com as viações, ela não
significará necessariamente vantagens econômicas aos usuários.
Ou seja, ele poderá viabilizar a
utilização de um único bilhete na
rede sobre trilhos e sobre pneus,
promessa tanto de José Serra
(PSDB) como de Marta Suplicy,
mas as tarifas para quem fizer essa
integração tendem a ser mais próximas dos R$ 3,15 hoje cobrados
na baldeação ônibus/metrô do
que do R$ 1,70 da baldeação ônibus/ônibus. O prazo para a implantação do Metropass é setembro de 2006, às vésperas das eleições estaduais e presidenciais. As
primeiras etapas estão previstas
para agosto do ano que vem.
O decreto de Alckmin publicado ontem no "Diário Oficial" do
Estado havia sido prometido para
julho e traça os parâmetros do
edital de licitação que vai conceder à iniciativa privada, por 20
anos, os sistemas de arrecadação
do Metrô e da CPTM, em troca da
implantação do Metropass.
O bilhete único do Estado ficará
a cargo de uma empresa ou consórcio que vai administrar as bilheterias e guichês da rede sobre
trilhos -algo que deve enfrentar
a resistência de funcionários em
razão de possíveis demissões.
O controle da arrecadação do
Metrô e da CPTM por 20 anos e a
implantação do Metropass ficarão com quem, na licitação, oferecer a menor proposta de remuneração -que será um percentual
do montante arrecadado com as
tarifas e receitas acessórias. Pelas
estimativas iniciais, ela não poderia ser maior que os 8% gastos hoje da receita anual (de R$ 1 bilhão)
para cuidar das bilheterias.
O secretário da Casa Civil de
Alckmin, Arnaldo Madeira, disse
que a publicação do decreto do
Metropass a dois dias das eleições
aconteceu "porque só ficou pronto nesta semana". "Em nenhum
momento houve referência eleitoral. Se quiséssemos fazer alarde,
poderíamos ter soltado antes",
diz Madeira, que culpa "motivos
administrativos" para os atrasos.
O bilhete único foi um dos trunfos da campanha de Marta, por
permitir baldeações nos ônibus
por duas horas por R$ 1,70. O PT
ataca Alckmin pela demora para
implantar o Metropass. Os tucanos alegam que já há uma espécie
de bilhete único no Estado desde
2000, quando foram permitidas
integrações gratuitas entre trens e
metrô. O Metropass seria só uma
melhoria tecnológica e uma tentativa de integração com ônibus.
As gestões Marta e Alckmin
chegaram a sentar à mesa em 2001
para discutir a viabilidade de lançar um só cartão. Não houve acordo e cada governo decidiu lançar
seu bilhete único. Havia a promessa dos dois governos para viabilizar a parte tecnológica, permitindo que os créditos dos dois bilhetes fossem usados tanto nos
ônibus como no metrô/trens, ainda que sem descontos na tarifa.
Houve impasse sobre quem bancaria R$ 14 milhões e nem essa integração saiu do papel até hoje.
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