São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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Petista vê adversário como rosto da direita

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Deputado estadual em terceiro mandato, o petista Ângelo Carlos Vanhoni, 49, faz parte dos quadros do partido desde a fundação, em 1980. Começou na Libelu (Liberdade e Luta) e hoje integra a Articulação, mesma tendência do presidente Lula. Formado em Letras, ele atuou em movimentos estudantis, foi bancário e um dos líderes do sindicato da categoria no Paraná. Em entrevista à Agência Folha, disse que a campanha de seu adversário foi preconceituosa e exibiu "o rosto imberbe da nova direita". (MT)  

Agência Folha - Uma vitória sua em Curitiba pode ser interpretada como o referendo da população ao projeto político do PT nacional, no confronto direto com o PSDB?
Ângelo Vanhoni -
As questões discutidas na campanha de Curitiba foram relativas às questões da cidade. O PSDB e o PFL governam a cidade há 16 anos e o vice-prefeito pretende ficar mais quatro. Disputei a eleição passada ao lado do PPS, mas desta vez estamos com uma coligação [PMDB e PTB]. Não vejo cenário de confronto direto entre PT-PSDB.

Agência Folha - Foi difícil defender o governo Lula nesta campanha? Como é a experiência de candidato de situação em relação aos governos federal e do Estado?
Vanhoni -
Não sou candidato de situação, mas a prefeito de Curitiba, e discuto com a cidade os seus problemas. Fui três vezes vereador e três vezes deputado estadual, disputei duas eleições a prefeito e a minha vinculação com a cidade é muito grande.

Agência Folha - Mas o sr. enfrentou uma campanha em que os adversários o identificaram como representante de um governo que prometeu 10 milhões de empregos e um salário justo e não cumpriu.
Vanhoni -
Qualquer cidadão de mediana compreensão sabe que o governo não pode criar 10 milhões de empregos da noite para o dia. Isso vale para o Lula ou para qualquer governante do mundo. O Lula não é gênio. Mas em quatro anos é possível. Neste, vamos chegar a 2,2 milhões de empregos.

Agência Folha - Caso o sr. vença a eleição de domingo, ela não terá de ser atribuída ao governador Roberto Requião (PMDB), que se licenciou para trabalhar por uma "virada" sobre o que apontavam as pesquisas da semana passada?
Vanhoni -
O governador é uma força muito importante, não só agora, mas desde o início da campanha. Aqui, temos uma aliança e quem vai ganhar a eleição será o PT e o PMDB. E a presença do governador é decisiva.

Agência Folha - No que o sr. pretende se destacar como prefeito?
Vanhoni -
Precisamos de uma grande reforma no sistema educacional, principalmente na educação infantil. A cidade precisa enfrentar esse desafio. Nascem aqui 30 mil crianças por ano. A prefeitura reconhece que há 14 mil crianças fora das creches. Os conselhos tutelares falam em 25 mil crianças. Vamos ampliar a oferta. E vamos investir na qualificação de professores de 1ª a 4ª séries, para garantir a qualidade da educação na base, a exemplo do que fez a França.

Agência Folha - O sr. acusa o adversário de estimular o preconceito contra o PT. Por quê?
Vanhoni -
Ele faz uma campanha típica da direita conservadora. No primeiro turno, com outros partidos, tentou transformar o PT como algo que não presta e não sabe governar. Ainda trabalha com o medo e o preconceito contra o PT. No segundo turno, numa atitude desrespeitosa, tenta ridicularizar o povo gaúcho [no programa eleitoral], em razão da experiência de êxito do PT com o Orçamento Participativo em Porto Alegre. É o rosto imberbe da nova direita.

Agência Folha - Como justificar a presença de partidos como PTB, que sempre esteve no grupo adversário no Paraná, em sua aliança?
Vanhoni -
Quem vai governar a cidade é o Ângelo Vanhoni com os princípios e o programa que o PT construiu.


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