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Petista vê adversário como rosto da direita
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Deputado estadual em terceiro
mandato, o petista Ângelo Carlos
Vanhoni, 49, faz parte dos quadros do partido desde a fundação,
em 1980. Começou na Libelu (Liberdade e Luta) e hoje integra a
Articulação, mesma tendência do
presidente Lula. Formado em Letras, ele atuou em movimentos estudantis, foi bancário e um dos líderes do sindicato da categoria no
Paraná. Em entrevista à Agência
Folha, disse que a campanha de
seu adversário foi preconceituosa
e exibiu "o rosto imberbe da nova
direita".
(MT)
Agência Folha - Uma vitória sua
em Curitiba pode ser interpretada
como o referendo da população ao
projeto político do PT nacional, no
confronto direto com o PSDB?
Ângelo Vanhoni - As questões
discutidas na campanha de Curitiba foram relativas às questões da
cidade. O PSDB e o PFL governam a cidade há 16 anos e o vice-prefeito pretende ficar mais quatro. Disputei a eleição passada ao
lado do PPS, mas desta vez estamos com uma coligação [PMDB e
PTB]. Não vejo cenário de confronto direto entre PT-PSDB.
Agência Folha - Foi difícil defender o governo Lula nesta campanha? Como é a experiência de candidato de situação em relação aos
governos federal e do Estado?
Vanhoni - Não sou candidato de
situação, mas a prefeito de Curitiba, e discuto com a cidade os seus
problemas. Fui três vezes vereador e três vezes deputado estadual, disputei duas eleições a prefeito e a minha vinculação com a
cidade é muito grande.
Agência Folha - Mas o sr. enfrentou uma campanha em que os adversários o identificaram como representante de um governo que
prometeu 10 milhões de empregos
e um salário justo e não cumpriu.
Vanhoni - Qualquer cidadão de
mediana compreensão sabe que o
governo não pode criar 10 milhões de empregos da noite para o
dia. Isso vale para o Lula ou para
qualquer governante do mundo.
O Lula não é gênio. Mas em quatro anos é possível. Neste, vamos
chegar a 2,2 milhões de empregos.
Agência Folha - Caso o sr. vença a
eleição de domingo, ela não terá de
ser atribuída ao governador Roberto Requião (PMDB), que se licenciou para trabalhar por uma "virada" sobre o que apontavam as pesquisas da semana passada?
Vanhoni - O governador é uma
força muito importante, não só
agora, mas desde o início da campanha. Aqui, temos uma aliança e
quem vai ganhar a eleição será o
PT e o PMDB. E a presença do governador é decisiva.
Agência Folha - No que o sr. pretende se destacar como prefeito?
Vanhoni - Precisamos de uma
grande reforma no sistema educacional, principalmente na educação infantil. A cidade precisa
enfrentar esse desafio. Nascem
aqui 30 mil crianças por ano. A
prefeitura reconhece que há 14
mil crianças fora das creches. Os
conselhos tutelares falam em 25
mil crianças. Vamos ampliar a
oferta. E vamos investir na qualificação de professores de 1ª a 4ª séries, para garantir a qualidade da
educação na base, a exemplo do
que fez a França.
Agência Folha - O sr. acusa o adversário de estimular o preconceito
contra o PT. Por quê?
Vanhoni - Ele faz uma campanha
típica da direita conservadora. No
primeiro turno, com outros partidos, tentou transformar o PT como algo que não presta e não sabe
governar. Ainda trabalha com o
medo e o preconceito contra o PT.
No segundo turno, numa atitude
desrespeitosa, tenta ridicularizar
o povo gaúcho [no programa eleitoral], em razão da experiência de
êxito do PT com o Orçamento
Participativo em Porto Alegre. É o
rosto imberbe da nova direita.
Agência Folha - Como justificar a
presença de partidos como PTB,
que sempre esteve no grupo adversário no Paraná, em sua aliança?
Vanhoni - Quem vai governar a
cidade é o Ângelo Vanhoni com
os princípios e o programa que o
PT construiu.
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