São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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Richa diz não esperar discriminação do PT

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Vice-prefeito de Curitiba, duas vezes deputado estadual e candidato derrotado ao governo em 2002, o engenheiro civil Carlos Alberto Richa, candidato do PSDB, 39, chega à eleição de segundo turno assumindo o compromisso de mudar o estilo de administrar a cidade. (MT)  

Agência Folha - Como o sr. espera ser a relação de um prefeito de oposição com o governo Requião, no Estado, e com o governo Lula, caso seja eleito neste domingo?
Beto Richa -
Não vejo problema nenhum. Tenho uma relação respeitosa com o governador. É lógico que no processo eleitoral as coisas se acirram, mas tenho dificuldade de acreditar que ele vá discriminar um prefeito de oposição depois. Com o governo federal, vamos cobrar tudo o que é de direito e necessário para a nossa cidade. Meu pai [o ex-governador e ex-senador José Richa, morto no ano passado] também foi prefeito [de Londrina] em oposição aos governos do Paraná e federal no período mais duro da ditadura e não enfrentou problemas. Quando há prefeitos sérios e competentes, logicamente se atrai bons recursos que viabilizam propostas.

Agência Folha - Em que área o sr. pretende se projetar como administrador?
Richa -
Na social. As questões envolvendo a população mais carente são as mais urgentes. Vou criar uma nova administração regional na Cidade Industrial de Curitiba e urbanizar áreas de risco e dar atenção maior a essas famílias que moram em condições subumanas. Hoje há 255 mil pessoas em bolsões de pobreza e 240 áreas de habitação irregular.

Agência Folha - O prefeito Cassio Taniguchi (PFL) diz que o sr. não pode ser dissociado de sua administração, por manter cargos de confiança na equipe dele. Como explicar isso?
Richa -
Tenho divergências profundas com a atual gestão, que se acumularam com o tempo. Foi um governo isolado, que não dialogou. Meu estilo é outro e quero implementar uma gestão democrática. Quanto a indicações, não tenho, exceto as do meu gabinete. É só lembrar que, quando decidi ser candidato, os secretários ligados a mim foram demitidos.

Agência Folha - A eleição de Curitiba repete o cenário de São Paulo, de confronto direto entre PT e PSDB. A eleição na capital do Paraná é uma prévia da de 2006?
Richa -
Curitiba tem densidade eleitoral muito grande. Tem história de cidade bem resolvida. Quanto a 2006, o PSDB terá candidato próprio no Estado e os melhores quadros a oferecer. Estão aí o tão bem avaliado governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a liderança nova do governador de Minas, Aécio Neves. O [José] Serra fica fora porque vai governar São Paulo.

Agência Folha - Conceitualmente, no que sua campanha difere da do adversário?
Richa -
O candidato do PT quer confundir o eleitor até no visual. Levou para as ruas, neste segundo turno, até as cores azul e amarela, tradicionais do PSDB, o que choca os visitantes e revela uma crise de identidade do outro lado. Ele quer fugir do vermelho muito provavelmente porque a cor remete às promessas não cumpridas do governo Lula.

Agência Folha - A queda do preço da tarifa de ônibus (hoje R$ 1,90) é sua proposta mais popular. É possível cumpri-la sem depender de subsídios do governo federal?
Richa -
É, sim. Vou cobrar do governo federal a desoneração dos tributos que respondem por 40% da passagem. E o impacto do diesel, que é de 20%. No campo municipal, vamos discutir redução do ISS (Imposto Sobre Serviços), mexer na taxa de gerenciamento operacional do sistema, quebrar a caixa-preta da Urbs (empresa da prefeitura que gerencia o sistema) e reativar o conselho municipal dos transportes. A tarifa pode, sim, ser mais justa. Não sei o valor, mas vai baixar.


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