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Lula não pressionou, diz Meirelles
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, negou ontem
ter recebido pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ceder a lobby de Marcos Valério de Souza na instituição.
O empresário mineiro, um dos
pivôs do escândalo do "mensalão", se encontrou com diretores
do BC para tratar de assuntos de
interesse do Banco Rural, em especial da liquidação do Banco
Mercantil de Pernambuco, cuja
massa falida o Rural tinha interesse em comprar. O processo foi vetado pelo BC.
"O que existe aí é uma crônica
de um lobby malsucedido. Foi feita uma série de propostas legítimas por parte dos ex-controladores de levantar a liquidação de
uma forma que eles julgavam
adequada. O BC decidiu que aquilo não estava de acordo com os
termos da lei e nem com o interesse público, portanto, disse não",
afirmou Meirelles em Paris, onde
participou ontem de um debate
sobre reformas dos banco centrais latino-americanos.
Segundo a revista "Veja", Valério esteve 17 vezes na sedes do BC
em Brasília e em São Paulo. O BC
confirmou as visitas e que a maior
parte delas foi para tratar da liquidação do Mercantil, mas que o
pleito de Valério foi rejeitado.
Meirelles declarou que já sabia
das investidas de Valério no BC
-foi informado, diz, assim que
estourou o "mensalão"-, mas
que só anteontem teve ciência de
que foram 17 visitas. "Ele pode ter
falado várias vezes, e com diversos níveis do BC. O importante é:
nunca falou comigo, e o pedido
nunca foi aceito. Se houve tentativas, não foram bem-sucedidas."
Agora, Valério ameaça envolver
Lula no lobby: caso não receba de
volta parte do dinheiro que teria
emprestado ao PT, poderá contar
que o presidente teria tentado interceder a seu favor no caso da liquidação, mas teria esbarrado na
independência mantida pelo BC.
Meirelles disse jamais ter conversado com Lula sobre liquidação de bancos e que nunca ouviu
pedidos dele ou de Antonio Palocci para ajudar Valério. "Nunca
recebi pressão do presidente da
República nem do ministro da Fazenda. O que recebi sempre foi
apoio para tomar as decisões que
o BC sempre julgou adequadas
em diversas áreas. Inclusive porque o presidente tem poder de me
demitir. Se ele discordasse de
qualquer coisa que tivéssemos feito, teria tomado providência."
Ele disse ainda que não considera excessivas 17 visitas: "Não, se
considerar que é um representante de um banco com diversos assuntos sendo tratados com o BC.
Se fizermos levantamento de outros bancos na mesma situação,
possivelmente encontraremos visitas numerosas a funcionários de
vários departamentos".
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