São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O bloquinho chia

O PSDB esboçou alguns protestos, mas, em privado, a pior reação ao ensaio para colocar na praça uma emenda constitucional que permita a Lula pleitear o terceiro mandato veio da própria base aliada. Mais especificamente, do chamado chamado "bloquinho", que reúne PSB, PDT e PC do B e prepara a candidatura presidencial de Ciro Gomes. O grupo entende que o envolvimento de Devanir Ribeiro (PT-SP), irmão-camarada de Lula, e de Carlos Willian (PTC-MG), deputado que não veio a passeio, confere um cheiro de "missão precursora" à iniciativa.
Aliados de Ciro já acompanhavam com desconfiança o fato de o PT, a cada semana, inflar um nome de seus quadros, o que interpretam como tentativa de impedir que o deputado do PSB se fortaleça.

Areia movediça. Do deputado e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP), um dos líderes do "bloquinho", sobre o balão lançado na semana passada: "Essa idéia de terceiro mandato é o caminho do pântano. Você sabe como entra, mas não sabe como sai, ou mesmo se sai".

Thriller. Um clima de filme policial ronda o Senado. Depois dos goianos Marconi Perillo (PSDB) e Demóstenes Torres (DEM), que se disseram vítimas de espionagem, e do tucano Mário Couto (PA), que desde a semana passada ocupa a tribuna para denunciar ameaças que teria recebido, agora é a vez de Heráclito Fortes (DEM-PI). Ele afirma que tem sido seguido.

Tenho dito. Jefferson Péres (PDT-AM), pivô de um dossiê em texto e vídeo enviado a gabinetes do Senado, ocupará a tribuna hoje. O relator de um dos processos contra Renan Calheiros (PMDB-AL) promete exibir certidões de que não é investigado e não pediu favores a órgãos administrativos da Casa.

Parole, parole. Antes mesmo de o governo apresentar uma proposta concreta para conquistar votos da oposição e prorrogar a CPMF, emissários tucanos e petistas voltarão a conversar hoje.

Companheiro. Kenneth Fleming, advogado de Paulo Rocha (PT-PA) no caso do mensalão, virou diretor de Desenvolvimento da Pesca da Secretaria Especial da Pesca.

Seringal 1. A idéia de plantar cana-de-açúcar em algumas regiões da Amazônia para produzir etanol divide as estrelas políticas do Acre: a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) é contra; o ex-governador Jorge Viana e seu irmão Tião, presidente interino do Senado, são a favor.

Seringal 2. Não é a primeira divergência entre Marina e os irmãos Viana: a dupla militou no movimento contra as resistências da ministra às hidrelétricas do rio Madeira.

No sal 1. A bancada do PP declarou guerra a seu único ministro. Márcio Fortes (Cidades) telefona diretamente a prefeitos para conversar sobre obras do PAC, quando a "praxe" seria permitir aos parlamentares do partido fazer o meio-de-campo.

No sal 2. Em reunião de deputados do PP, Fortes foi chamado de "menino de recados da Dilma". Decidiram tentar enquadrá-lo antes de iniciar fritura pura e simples.

Melhorou. Depois de amargar rejeição de quase 60%, o governador José Roberto Arruda (DEM-DF) recebeu três pesquisas mais animadoras. A desaprovação diminuiu e está concentrada nas classes D e E, eleitorado de Joaquim Roriz (PMDB).

Eu não. O vereador paulistano Arselino Tatto (PT) nega qualquer disposição sua ou de colegas de bancada para facilitar a vida do prefeito Gilberto Kassab (DEM) como tática para desestimular a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo Tatto, os petistas lançarão em breve uma campanha contra a "destruição do sistema de transportes" na atual gestão.

Tiroteio

"O deputado petista precisa se afinar com Lula. Afinal, é o presidente mesmo quem diz que tudo em seu governo acontece pela primeira vez na história deste país".
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA) sobre o colega Nelson Pellegrino (PT-BA), segundo quem "desde Cabral" os aliados do governo ficam com o grosso dos recursos das emendas ao Orçamento.

Contraponto

Dublê de copo

Durante a campanha de 1985 para prefeito de São Paulo, Jânio Quadros visitava o Jardim Brasil acompanhado do então vereador Gabriel Ortega, segundo relata Nelson Valente no livro "Luz, Câmera, Jânio Quadros em Ação".
Pouco familiarizado com o bairro, Ortega entrou num bar para pedir informações. Ao voltar, disse:
-O apelido do dono é Jânio. Ele quer te conhecer.
No balcão, um copo de pinga aguardava o candidato.
Ciente de que Jânio havia sido proibido de beber, Ortega matou a dose num só gole. Já no carro, comentou:
-Viu o que eu não faço pela sua campanha?
E ouviu uma resposta atravessada:
-Você bebe a minha pinga e ainda se diz meu credor?!


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