São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Ciro afirma que se considera "madurinho"

Deputado do PSB diz que ainda é cedo para discutir candidatura à Presidência; "preciso saber se meu partido me quer"

O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, criticam plano de permitir uma nova reeleição de Lula

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de expor críticas à política monetária e admitir que se prepara para a corrida presidencial, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) encerrou uma noite de debate ontem, em São Paulo, com o seguinte comentário. "Estou madurinho. Fiz muita bobagem naquela campanha", disse em alusão à disputa de 2002.
Questionado, minutos antes, sobre sua candidatura, alegou que depende de condições, como saber se seu partido quer ou "se há uma coligação que queira". Mas acrescentou: "O que você pode fazer é se comportar, como faço há trinta anos: se comporta, estuda, se prepara".
Líder nas pesquisas dentro do campo governista, Ciro não descartou a disposição de concorrer. Em entrevista a Amauri Júnior, o deputado chegou a brincar: "Essa [candidatura] a Deus pertence".
Ele recusou-se a dar opinião sobre a proposta de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob o argumento de que seria encarada como um a de um candidato. Mas, manifestando incômodo, reconheceu, no debate de lançamento do livro do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que a idéia existe. "Ficção não é. Também não é fato".
Mais tarde, disse: "Quero crer que ele [Lula] deu uma linha [ao rechaçar a proposta]".
Ao defender a renovação da CPMF, Ciro alfinetou: "Se o Banco Central já parou de derrubar os juros sem necessidade, imagine sem CPMF".

Terceiro mandato
Ciro disse que a idéia de terceiro mandato é produto de "falta de assunto de um punhado de políticos desocupados" e que está mais preocupado com a política cambial.
"Se é para ser um câmbio flutuante sujo [influenciado pela política de juros], que seja em favor da estratégia do país".
O ministro Tarso Genro (Justiça) chamou de impertinente e desnecessária a articulação de aliados por um eventual terceiro mandato.
"Isso não tem o menor cabimento. É uma discussão absolutamente impertinente, desnecessária e contra a orientação pessoal que o presidente tem dado aos seus ministros", afirmou ele, após um seminário nacional da Polícia Federal.
Aliados do presidente admitiram pela primeira vez uma movimentação pelo terceiro mandato.
A proposta tem pelo menos dois defensores: os deputados Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP), este último amigo do presidente.
A dupla discute ainda o formato mais apropriado para encaminhar a proposta.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse na tarde de ontem haver "chance zero" de o Congresso aprovar a idéia.
"Chance, do ponto de vista político, zero. Acho que esse é um não fato, é rigorosamente na contramão do que de fato se discute, que é acabar com a reeleição nos cargos executivos", disse Chinaglia.
"O mais provável é nós nos debruçarmos, e não estou dizendo que vá acabar ou não, sobre a proposta que extingue a reeleição do que essa do terceiro mandato. Não vejo ninguém defender isso", afirmou.

Otimismo
Apesar da reação, o deputado Carlos Willian disse acreditar que até meados de novembro proposta terá condições de ser apresentada à Câmara.
Para que a PEC tramite na Casa é preciso assinatura de pelo menos 171 parlamentares. Como o governo tem maioria folgada na Câmara, Willian não prevê dificuldades.
Devanir Ribeiro apresenta justificativas para a idéia: "Defendo que isso seja definido por meio de plebiscito. Se o povo quiser, não vejo problema em um terceiro mandato. Nos primeiros quatro anos, o presidente está apenas reconhecendo problemas. Nos outros quatro, implementa projetos. De presidente em presidente, o país muda de rumo", afirmou.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Folha Online

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