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Ciro afirma que se considera "madurinho"
Deputado do PSB diz que ainda é cedo para discutir candidatura à Presidência; "preciso saber se meu partido me quer"
O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, criticam plano de permitir uma nova reeleição de Lula
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de expor críticas à política monetária e admitir que
se prepara para a corrida presidencial, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) encerrou
uma noite de debate ontem, em
São Paulo, com o seguinte comentário. "Estou madurinho.
Fiz muita bobagem naquela
campanha", disse em alusão à
disputa de 2002.
Questionado, minutos antes,
sobre sua candidatura, alegou
que depende de condições, como saber se seu partido quer ou
"se há uma coligação que queira". Mas acrescentou: "O que
você pode fazer é se comportar,
como faço há trinta anos: se
comporta, estuda, se prepara".
Líder nas pesquisas dentro
do campo governista, Ciro não
descartou a disposição de concorrer. Em entrevista a Amauri
Júnior, o deputado chegou a
brincar: "Essa [candidatura] a
Deus pertence".
Ele recusou-se a dar opinião
sobre a proposta de um terceiro
mandato para o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, sob o
argumento de que seria encarada como um a de um candidato.
Mas, manifestando incômodo,
reconheceu, no debate de lançamento do livro do senador
Eduardo Suplicy (PT-SP), que a
idéia existe. "Ficção não é.
Também não é fato".
Mais tarde, disse: "Quero
crer que ele [Lula] deu uma linha [ao rechaçar a proposta]".
Ao defender a renovação da
CPMF, Ciro alfinetou: "Se o
Banco Central já parou de derrubar os juros sem necessidade, imagine sem CPMF".
Terceiro mandato
Ciro disse que a idéia de terceiro mandato é produto de
"falta de assunto de um punhado de políticos desocupados" e
que está mais preocupado com
a política cambial.
"Se é para ser um câmbio flutuante sujo [influenciado pela
política de juros], que seja em
favor da estratégia do país".
O ministro Tarso Genro
(Justiça) chamou de impertinente e desnecessária a articulação de aliados por um eventual terceiro mandato.
"Isso não tem o menor cabimento. É uma discussão absolutamente impertinente, desnecessária e contra a orientação pessoal que o presidente
tem dado aos seus ministros",
afirmou ele, após um seminário
nacional da Polícia Federal.
Aliados do presidente admitiram pela primeira vez uma
movimentação pelo terceiro
mandato.
A proposta tem pelo menos
dois defensores: os deputados
Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP), este último amigo do presidente.
A dupla discute ainda o formato mais apropriado para encaminhar a proposta.
O presidente da Câmara dos
Deputados, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), disse na tarde de ontem haver "chance zero" de o
Congresso aprovar a idéia.
"Chance, do ponto de vista
político, zero. Acho que esse é
um não fato, é rigorosamente
na contramão do que de fato se
discute, que é acabar com a reeleição nos cargos executivos",
disse Chinaglia.
"O mais provável é nós nos
debruçarmos, e não estou dizendo que vá acabar ou não, sobre a proposta que extingue a
reeleição do que essa do terceiro mandato. Não vejo ninguém
defender isso", afirmou.
Otimismo
Apesar da reação, o deputado
Carlos Willian disse acreditar
que até meados de novembro
proposta terá condições de ser
apresentada à Câmara.
Para que a PEC tramite na
Casa é preciso assinatura de pelo menos 171 parlamentares.
Como o governo tem maioria
folgada na Câmara, Willian não
prevê dificuldades.
Devanir Ribeiro apresenta
justificativas para a idéia: "Defendo que isso seja definido por
meio de plebiscito. Se o povo
quiser, não vejo problema em
um terceiro mandato. Nos primeiros quatro anos, o presidente está apenas reconhecendo problemas. Nos outros quatro, implementa projetos. De
presidente em presidente, o
país muda de rumo", afirmou.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Folha Online
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