São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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Presidente do Icatu é o mais cotado para BC

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O PT deve anunciar nos próximos dias o nome do novo presidente do Banco Central a ser sabatinado pelo Congresso até o dia 15 de dezembro. De acordo com o que a Folha apurou, os nomes mais cotados são os dos economistas e ex-diretores do Banco Central Pedro Bodin, presidente do Banco Icatu, e José Júlio Senna, sócio-diretor da MCM Consultores Associados.
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, preferiu definir o nome do novo presidente do Banco Central depois da escolha do ministro da Fazenda.
Depois de sinalizar que Palocci ocupará a Fazenda, a cúpula do PT centrou esforços na diretoria do Banco Central.
Bodin recebeu nesta semana uma sondagem muito forte por parte de emissários de Lula. O economista recusou o convite, mas vários banqueiros pesos pesados estão tentando com que ele volte atrás. Palocci o considera um nome excelente para o cargo.
De acordo com o que a Folha apurou, ao negar o convite, Bodin alegou o fato de os diretores do Banco Central serem obrigados a conviver com processos judiciais por um longo tempo, mesmo depois de deixarem o governo.
O próprio Bodin teve uma demonstração disso, quando foi diretor do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na época que a instituição era presidida por Eduardo Modiano, no governo Fernando Collor de Mello (1990-1992).
Os diretores do BNDES tiveram que depor na CPI da privatização e, alguns deles, ainda enfrentam processos movidos pelo Ministério Público.
Já em relação aos diretores do Banco Central, o problema é ainda maior. Até hoje, ex-presidentes como Pérsio Arida, Gustavo Loyola, Gustavo Franco e outros têm que se apresentar na Justiça para responder a vários processos, fora o fato de serem obrigado a contratar grandes e caros escritórios de advocacias para representá-los.
Não foi só Bodin que manifestou esse receio. Outros nomes sondados pelo PT também se recusaram a deixar o cargo que hoje ocupam para pilotar o BC.
A Folha apurou que também foram sondados por emissários do PT, nos últimos meses, além de Bodin e Senna, nomes como os de Cláudio Haddad, do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais); Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro; e Sérgio Werlang, diretor do Banco Itaú, entre outros.
Muitos deles alegaram o mesmo motivo. O medo de conviverem com processos judiciais depois que se afastam do governo.
O provável ministro da Fazenda do governo Lula, Antônio Palocci Filho, pensou na hipótese de manter Armínio Fraga a frente do BC por mais um tempo. Depois, ele seria sucedido por Pedro Bodin, que foi diretor de Política Monetária do BC na mesma época que Armínio ocupava a diretoria da Área Internacional, quando Francisco Gros presidia a instituição, no final do governo Collor.
De acordo com o que a Folha apurou, Armínio chegou a estudar a proposta, mas ela não foi para a frente. O presidente do PT, José Dirceu, dinamitou a idéia de Palocci no final da semana passada. Com isso, Palocci partiu para a escolha do nome. O primeiro a ser sondado foi Bodin, mas há outros na sua lista, além de Senna e do próprio Bodin. O martelo deve ser batido neste final de semana.


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