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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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PARA INGLÊS VER

Obra a ser lançada em janeiro traça perfil elogioso de Lula e ataca FHC

Livro promove presidente nos EUA

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Um ano depois de sua posse, Luiz Inácio Lula da Silva será homenageado com o lançamento de um livro nos EUA.
""Lula and the Workers Party in Brazil" (Lula e o Partido dos Trabalhadores no Brasil), da editora The New Press, sairá no dia 12 de janeiro nos EUA e pretende marcar o primeiro aniversário do governo do presidente.
A obra passa em revista a vida de Lula e o PT, desde a sua criação até a chegada ao poder, e tenta fazer um balanço do primeiro ano da gestão do presidente. São 144 páginas de elogios, do começo ao fim. A única exceção está no capítulo ""O legado de Fernando Henrique Cardoso", que trás uma catilinária contra o ex-presidente.
Além do fato de um dos autores, Bernardo Kucinski, ser assessor do Departamento de Comunicação da Presidência do PT, ele e sua colega Sue Branford, ex-correspondente da BBC na América Latina, parecem ter perdido o contato com a realidade do Brasil em 2003 -ou até um pouco antes disso.
Lula é apresentado como um ""mestre da oratória" e o ""primeiro líder socialista democraticamente eleito na América Latina". E o PT, como ""talvez o único partido do mundo que tenha se tornado verdadeiramente democrático" -Heloísa Helena que o diga.
O fato de Lula e o PT não terem mudado a política econômica desde a posse mas, sim, o chamado ""discurso histórico" do partido é apenas marginalmente contemplado.
A crise pós-eleitoral que levou o país à falência é considerada mais um produto de ""jornais de direita" e de profecias maldosas como a do financista George Soros (""Serra ou o caos") do que a consequência dos históricos ""Fora FMI" e o "Não ao pagamento da dívida externa" bradados pelo PT. Lula não teria quase morrido pela boca, mas sofrido um ""terrorismo financeiro" sem precedentes.
O livro chega a apresentar algumas -poucas- contradições passageiras, como a aliança com membros do ""ancien régime" na área financeira e, um pouco antes, a ""açucarada" campanha eleitoral que vendeu o ""Lula Paz e Amor".
Esses fatos, no entanto, não maculam a obra como um todo. São superados por vários depoimentos de partidários como Frei Beto, Luiz Dulce e do próprio Lula, e por perfis elogiosos de José Genoino e Marina Silva.

Trecho
"Com suas linhas de concreto sólido e torres de vidro de corporações bancárias gigantescas, a avenida Paulista em São Paulo é um monumento ao dinheiro. Mas na noite da eleição de 27 de outubro de 2002, um mar de bandeiras vermelhas cobriu as portas dos bancos enquanto milhares de partidários do PT vitorioso esperavam por seu líder. Quando ele apareceu e discursou, homens e mulheres choraram exultantes de felicidade."


"Lula and the Workers Party", Bernardo Kucinski e Sue Branford. The New Press, 144 págs. US$ 22,95 nos EUA



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