UOL

São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo estuda criar força de segurança

DA REPORTAGEM LOCAL

A desconfiança do governo de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a capacidade de a PF combater o crime organizado é tão grande que uma nova força está sendo planejada para exercer essa função. O plano foi iniciado pelo ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, demitido em setembro pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mas, na última sexta-feira, havia funcionários do Ministério da Justiça trabalhando numa nova versão da proposta.
Soares diz que concebeu o que chama de uma "força especial" porque o crime organizado tomou "vários segmentos" das estruturas policiais. O fato de a Superintendência da Polícia Federal de São Paulo não ter sido informada da Operação Anaconda tornou público o nível de corrupção do órgão no Estado, segundo ele.
"Propus a formação de uma força especial porque a PF está imersa em corrupção", diz.
Soares descartou, de partida, a criação de uma nova polícia porque isso demoraria cinco anos, no mínimo, entre contratação, treinamento e início das ações.
Soares concebeu uma espécie de "seleção nacional da polícia", formada pelos melhores quadros das polícias Civil e Militar de cada Estado. Policiais federais poderiam participar desde que passassem pela seleção. Para evitar atritos de comando, o atual diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, também seria o chefe da nova força.
Os salários desses policiais oscilariam entre R$ 7.000 e R$ 10 mil. Todos continuariam com seus ganhos nos Estados e receberiam uma espécie de bolsa de estudos, já que passariam por um processo de formação.
A "força especial", no plano feito por Soares, consumiria R$ 100 milhões no primeiro ano -R$ 36 milhões em salários e R$ 64 milhões na compra de equipamentos para a área de inteligência.
A Folha tentou na noite da última sexta-feira entrevistar o ministro da Justiça e o diretor-geral da PF sobre a nova força, mas não conseguiu encontrá-los. Um assessor do ministro informou que o combate à corrupção na PF é uma das prioridades da atual gestão e que mais de 200 policiais já foram afastados em dez meses.


Texto Anterior: Prisão de autoridades sugere nova política
Próximo Texto: Saúde: Em combate à dengue, ministro é impedido de entrar em casa no Rio
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.