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NA OPOSIÇÃO
Tucano critica "luvas de pelica" de opositores; Planalto não comenta
Governo é "incompetente"
e "o rei está nu", afirma FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
No mais duro ataque feito ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) disse, em São Paulo, que o
governo Lula é "incompetente"
-e que é preciso que os tucanos
mostrem que "o rei está nu".
"Este governo é incompetente.
Ele é incompetente. Incompetência não é ofensa. E competência é
a análise de um conjunto de ações
e de seus resultados. Vejam o que
está acontecendo. Digam, comparem, mostrem. É verdade. Quem
sabe ele melhore a sua competência. E o governo só não deixa
transparecer mais a sua incompetência porque o presidente Lula é
competente em falar com a população. Mérito dele. E isso de alguma maneira embaça a percepção
de quanto a coisa não anda."
O ex-presidente participava do
seminário Herança e Futuro da
Construção do Desenvolvimento
no Brasil -aberto só para convidados, no Instituto Sérgio Motta,
ligado ao PSDB. Também participaram do evento os economistas
José Roberto Mendonça de Barros e André Urani e o deputado
José Carlos Aleluia (BA), líder do
PFL na Câmara. À tarde, o ex-presidente voltou a fazer críticas ao
governo Lula, mais amenas, num
debate aberto.
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto disse que não comentaria as declarações de FHC.
Antes de acusar Lula de ser incompetente, o ex-presidente afirmou que a oposição usa "luvas de
pelica" para criticar o governo federal, enquanto, durante suas
duas administrações, os petistas
diziam "infâmias" a seu respeito.
"Alguém usou luvas de pelica
para me criticar? Leiam os jornais.
Vejam o que diziam os líderes de
hoje. Quantas infâmias. Nós não
queremos fazer infâmias, não devemos. Mas não precisamos ter
luvas de pelica." Segundo FHC,
foi preciso passar "por toda a experiência do PT" para descobrir
"que eles não têm proposta alguma diferente da proposta que estava em marcha no país". "Zero."
Disputa política
O ex-presidente exortou seus
aliados a participarem da disputa
política -"é preciso dizer claramente que o rei está nu"-, afirmando que seu governo perdeu a
disputa ideológica contra o PT no
final do segundo mandato por
medo de debater -"ficamos com
medo de um tigre de papel".
"Política significa o seguinte:
você tem um adversário. Não
adianta ter um lado e ficar em casa. Você tem um adversário e você
luta contra ele. É preciso entender
isso", disse.
"Nós perdemos a batalha ideológica a partir de um certo momento, nós perdemos para o PT.
E ficamos assustados. A qualquer
grito do PT, isso paralisava a capacidade de dar sustentação ao
nosso governo. As pessoas votavam a favor, mas não iam para a
tribuna defender. Não todos, obviamente. Nós perdemos a batalha ideológica diante de um inimigo que era um tigre de papel.
Nós ficamos com medo de um tigre de papel. Não podemos continuar com esse medo. É preciso dizer claramente o rei está nu, o rei
está nu. Porque, se nós não dissermos isso, a população não vai entender", afirmou.
FHC disse que, a cada "pitadinha" pública que dá, irrita os petistas por, segundo ele, dizer a verdade. O ex-presidente fez referência específica às críticas feitas por
ele, às vésperas da eleição municipal, a um suposto projeto hegemônico do PT.
"Cada vez que eu dou uma pitadinha, eles ficam nervosos. Mas
dizendo que era muito bom que
essa eleição municipal tivesse um
resultado que pudesse impedir a
concentração de poder num só
grupo, e é antecipação de reeleição. Só dizer que ninguém é reelegível de forma absoluta, já ficam...
Parece que fiz uma ofensa. É que
eu peguei no centro do que querem. E querem precisamente um
modelo que não vai ser posto em
prática porque a sociedade brasileira é outra, ela é mais dispersa,
ela é fragmentada, ela tem interesses contraditórios", declarou.
FHC procurou orientar a forma
como a oposição deve conduzir o
debate na disputa pela eleição
presidencial de 2006 -usando "a
palavra e a pena", disse ele, "sem
cerimônias e com respeito". "A
vitória em 2006 tem de começar
com uma vitória da convicção.
Partido sem convicção é partido
inútil. E não falo só do meu, me
refiro ao conjunto dos partidos."
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