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INVESTIGAÇÃO
Ex-prefeito teria desviado verbas de obras; ele nega a acusação
Ministério Público prepara
nova denúncia contra Maluf
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal de
São Paulo prepara uma nova denúncia contra Paulo Maluf (PP),
desta vez pelo suposto desvio de
dinheiro em obras públicas no período em que ele foi prefeito de
São Paulo, entre 1993 e 1996.
A nova denúncia (ação formal
na Justiça) não foi concluída pela
Procuradoria e é vista como
"complemento" da acusação já
apresentada contra o ex-prefeito
por supostos crimes de lavagem
de dinheiro, formação de quadrilha e crime do colarinho branco.
Na nova ação a ser proposta, a
acusação é a de que Maluf, com a
ajuda de construtoras, de empresas subcontratadas e de doleiros,
desviou dinheiro público destinado à construção da avenida Água
Espraiada (hoje Jornalista Roberto Marinho) e do túnel Ayrton
Senna. A Procuradoria ainda estuda os possíveis crimes que se
aplicam ao caso, um deles é peculato (apropriação de bem público
praticada por um servidor), cuja
pena é de 2 a 12 anos de prisão.
Na denúncia apresentada na última quinta-feira -considerada
a mais importante-, o Ministério Público Federal acusou Maluf
e familiares de terem movimentado cerca de US$ 446 milhões de
forma não declarada no exterior
-todos negam ter dinheiro fora
do Brasil. As contas ilegais, de
acordo com a Procuradoria, teriam sido abastecidas com o dinheiro das obras.
Essa denúncia ainda não foi
aceita pela juíza titular da 2ª Vara
Criminal Federal de São Paulo,
Sílvia Maria Rocha. Ela também
ainda não se manifestou sobre
eventual prisão preventiva de Maluf, solicitada pelo Ministério Público. A juíza deverá se manifestar
até amanhã.
A nova investigação da Procuradoria tem como base documentos recolhidos pela Promotoria da
Cidadania de São Paulo. Há depoimentos de pessoas que relatam superfaturamento das obras
na cidade ou o uso de "laranjas" e
de empresas fantasmas para justificar a remessa de dinheiro para
fora do Brasil.
A investigação conta ainda com
uma perícia realizada por funcionários do Ministério Público de
São Paulo e pela Polícia Federal,
que traçou um roteiro com os nomes de "laranjas" e de empresas
fantasmas supostamente utilizadas. Ainda não há prazo para o
oferecimento da nova denúncia.
Ricardo Tosto, um dos advogados de Maluf, disse ontem que só
irá se manifestar sobre o caso
após comunicado oficial. Procurado pela Folha, o assessor de imprensa Adilson Laranjeira falou
que Tosto falaria em nome do ex-prefeito. Maluf nega o desvio de
verbas e ter dinheiro no exterior.
Evasão
O primeiro depoimento judicial
de Maluf sobre o envio de dinheiro para o exterior está previsto para o próximo dia 6, na 2ª Vara Federal. O ex-prefeito, que já confirmou presença, terá de responder
por crime de evasão de dividas.
Sempre que chamado a depor,
Maluf sempre compareceu, mas
nunca falou. Ele recorria ao direito de se manifestar em juízo.
Apesar de todas as denúncias (a
que já foi aceita pela Justiça, a que
ainda não foi acolhida e a que está
em preparação) tratarem de um
mesmo assunto, desvio de dinheiro público e remessa ilegal para o
exterior, a Procuradoria dividiu a
acusação em três peças jurídicas.
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