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CAMPO MINADO
Coordenador do MST foi condenado a um ano de prisão por furtar madeiras de um centro comunitário
Aliado de Rainha é preso por furto no Pontal
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
O coordenador estadual do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Wésley
Mauch, 29, foi preso no Pontal do
Paranapanema (oeste de SP), região de maior conflito fundiário
do Estado. Braço direito do líder
José Rainha Jr., Mauch foi condenado a um ano de prisão em regime semi-aberto por furto.
Ele foi detido no sábado, em
Marabá Paulista, por policiais civis que cumpriram mandado de
prisão assinado pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, Darci Lopes Beraldo. Até o
início da noite de ontem, Mauch
permanecia na cadeia pública de
Venceslau. Deverá ser transferido
para um presídio nesta semana.
Principal aliado de Rainha Jr., o
coordenador do MST é acusado
de furtar madeiras do centro comunitário do assentamento da fazenda Primavera 2, em Venceslau. O crime teria ocorrido em 26
de maio de 2001. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, ele
havia sido condenado, em 8 de
agosto de 2002, a um ano em regime fechado. A defesa recorreu ao
Tacrim (Tribunal de Alçada Criminal), que manteve o período da
prisão, mas alterou o cumprimento para regime semi-aberto.
O advogado de Mauch, Roberto
Rainha (irmão de Rainha Jr.),
afirmou ontem que seu cliente
não cometeu nenhum furto e que
vai pedir um habeas corpus no
STJ (Superior Tribunal de Justiça), para que a pena seja cumprida em liberdade, "como determina a lei para penas de até um ano".
O advogado criticou a permanência de Mauch na cadeia de
Venceslau. "Há uma ordem do
Tacrim que está sendo desobedecida pelo juiz da primeira instância. Ele foi condenado no regime
semi-aberto e está preso numa cadeia pública, em regime fechado."
Para José Rainha Jr., a prisão de
Mauch é uma "perseguição aos
que lutam pela reforma agrária".
Ele disse considerá-la "política,
arbitrária e injusta".
"Mais uma vez botam na cadeia
pessoas que lutam pela reforma
agrária no nosso país. Tem tanta
gente que rouba milhões de reais,
manda matar trabalhadores e
continua livre por aí. Isso [a prisão] demonstra que a reforma
agrária no Brasil é a reforma agrária do cemitério e da cadeia", disse, referindo-se à morte de sem-terra em Felisburgo (MG).
Rainha afirmou ainda que "a
omissão do Estado brasileiro é
responsável pela violência no
campo". Ele poupou, no entanto,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva das críticas, a quem considera "vítima da classe dominante".
O MST na região não se pronunciou sobre a prisão.
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