São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2004

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CAMPO MINADO

Coordenador do MST foi condenado a um ano de prisão por furtar madeiras de um centro comunitário

Aliado de Rainha é preso por furto no Pontal

CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

O coordenador estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Wésley Mauch, 29, foi preso no Pontal do Paranapanema (oeste de SP), região de maior conflito fundiário do Estado. Braço direito do líder José Rainha Jr., Mauch foi condenado a um ano de prisão em regime semi-aberto por furto.
Ele foi detido no sábado, em Marabá Paulista, por policiais civis que cumpriram mandado de prisão assinado pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, Darci Lopes Beraldo. Até o início da noite de ontem, Mauch permanecia na cadeia pública de Venceslau. Deverá ser transferido para um presídio nesta semana.
Principal aliado de Rainha Jr., o coordenador do MST é acusado de furtar madeiras do centro comunitário do assentamento da fazenda Primavera 2, em Venceslau. O crime teria ocorrido em 26 de maio de 2001. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, ele havia sido condenado, em 8 de agosto de 2002, a um ano em regime fechado. A defesa recorreu ao Tacrim (Tribunal de Alçada Criminal), que manteve o período da prisão, mas alterou o cumprimento para regime semi-aberto.
O advogado de Mauch, Roberto Rainha (irmão de Rainha Jr.), afirmou ontem que seu cliente não cometeu nenhum furto e que vai pedir um habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça), para que a pena seja cumprida em liberdade, "como determina a lei para penas de até um ano".
O advogado criticou a permanência de Mauch na cadeia de Venceslau. "Há uma ordem do Tacrim que está sendo desobedecida pelo juiz da primeira instância. Ele foi condenado no regime semi-aberto e está preso numa cadeia pública, em regime fechado."
Para José Rainha Jr., a prisão de Mauch é uma "perseguição aos que lutam pela reforma agrária". Ele disse considerá-la "política, arbitrária e injusta".
"Mais uma vez botam na cadeia pessoas que lutam pela reforma agrária no nosso país. Tem tanta gente que rouba milhões de reais, manda matar trabalhadores e continua livre por aí. Isso [a prisão] demonstra que a reforma agrária no Brasil é a reforma agrária do cemitério e da cadeia", disse, referindo-se à morte de sem-terra em Felisburgo (MG).
Rainha afirmou ainda que "a omissão do Estado brasileiro é responsável pela violência no campo". Ele poupou, no entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva das críticas, a quem considera "vítima da classe dominante".
O MST na região não se pronunciou sobre a prisão.


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