São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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PAINEL

Não dá mais
Petistas gastaram saliva tentando convencer Aldo Rebelo (PC do B-SP) a adiar a sessão que julgará José Dirceu, marcada para hoje, até que seja publicada a decisão do Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara, que em outras ocasiões quebrou o galho do ex-ministro, ontem resistiu à pressão.

Redução de dano
De acordo com cálculo fechado ontem, os votos contrários a Dirceu na bancada do PT, que no início do processo rondavam as duas dezenas, seriam agora no máximo cinco.

Biscoitos para todos
Com energia renovada depois de salvar a própria pele, o líder da bancada do PL, Sandro Mabel (GO), foi um dos mais ativos soldados de Dirceu no corpo-a-corpo dos últimos dias.

Dúvida cruel
A bancada do PTB se reuniu para contar os votos pró e contra Dirceu. "Estamos divididos entre o instinto de preservação e a cassação sem prova", disse um petebista. Sem dilema nenhum, o ministro Walfrido Mares Guia trabalhou duro pela absolvição.

Chuvas e trovoadas
As tempestades dos últimos dias deixaram marcas no Senado. Na entrada da presidência da Casa, dois baldes tentam conter goteiras no teto. No gabinete de Renan Calheiros, dois azulejos se despregaram do tombado painel de Athos Bulcão que adorna o jardim de inverno.

Voz do povo
Sem citar Dirceu, com quem teve uma série de embates, Renan dizia ontem: "A sociedade exige que os efetivamente culpados sejam punidos. O Congresso não pode perder esse norte".

Tudo menos isso
Bordão repetido por Dirceu em seus telefonemas a deputados: "Me faça justiça. Posso ser o que for, mas não sou ladrão".

Franciscano
Duda Mendonça diz que repassou R$ 10 mil a Delúbio por ter perdido aposta de que Serra não chegaria ao 2º turno paulistano. Como era mais que provável a ida do tucano à etapa final, revela-se faceta absolutamente desconhecida do marqueteiro de Lula: desapego ao dinheiro.

Nosso herói
Sob fogo do PT e com o caso Azeredo carimbado na testa, os tucanos da CPI dos Correios decidiram "turbinar" o relator Osmar Serraglio. A ordem é dar apoio total ao peemedebista.

Duplo ataque
Enquanto a bancada do PT na Assembléia recorre ao Tribunal de Justiça paulista, a direção nacional do partido entra hoje com ação do Supremo pedindo a instalação imediata na Casa de CPIs para investigar o governo do tucano Geraldo Alckmin.

Campo minado
Diante da radicalização entre ruralistas e a bancada do PT, a CPI da Terra ganhou o apelido da "CPI da terra de ninguém".

Muro de Berlim
As reuniões de líderes do Senado agora têm de acontecer em duas etapas: primeiro, conversam os partidos aliados; depois, a oposição. Tudo por conta do rompimento entre os senadores José Agripino (PFL-RN) e Aloizio Mercadante (PT-SP).

Tudo em família
O senador Tião Viana (PT-AC) foi à Câmara fazer lobby pela aprovação de emenda constitucional para permitir que parentes de governantes se candidatem ao mesmo cargo. Quer a cadeira de governador ocupada pelo irmão, Jorge Viana.

Cabeça feita
Líderes aliados disseram ao petista Henrique Fontana que a insistência em manter a verticalização das alianças vai isolar o PT e enterrar a reeleição de Lula. Não adiantou nada.

TIROTEIO

Do primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, José Thomaz Nonô (PFL-AL), sobre as perspectivas para José Dirceu na votação marcada para hoje no plenário da Casa:
-Ele está cassado. Sua cabeça foi cortada pelo próprio Lula, naquela entrevista de TV.

CONTRAPONTO

Sem legendas

O deputado José Dirceu, cuja cassação pode ser votada hoje pela Câmara, foi cercado por jornalistas na segunda-feira depois de um ato em sua defesa na Assembléia Legislativa em João Pessoa (PB). Uma das repórteres perguntou de bate-pronto:
-A preço de hoje, o senhor considera salvo o seu mandato?
Dirceu, apesar do esforço para se mostrar tolerante, protestou:
-Como assim, "a preço de hoje"? Que preço?
A repórter reformulou a questão, esclarecendo que queria saber se, nas atuais circunstâncias, ele achava que conseguiria os votos suficientes para escapar.
Mas a irritação de Dirceu, acusado de ser o responsável pelo "mensalão", só passou quando um petista local lhe explicou que "a preço de hoje" é expressão comum na Paraíba para designar a situação do momento.
Por telefone, ele se desculpou com a jornalista no dia seguinte.


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