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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Presidente rebate críticas recebidas em reunião de conselho com números da Pnad
Política econômica não é empecilho à social, diz Lula
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de passar pelo constrangimento de ouvir duras críticas a
seu governo num auditório no
Palácio do Planalto, o presidente
Luiz Inácio Inácio Lula da Silva
reagiu e defendeu que o lado bom
de sua gestão tem de ser exaltado,
acrescentando que "a política
econômica nunca foi empecilho
para a política social".
"Quero deixar claro que nós (...)
colocamos, em 17 meses, R$ 29 bilhões no mercado para o consumo, independentemente da taxa
Selic [de juros], via crédito consignado. Essa foi uma revolução
no crédito brasileiro", afirmou.
Um dos principais pontos destacados pelo presidente foram os
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e
da Fundação Getulio Vargas, que
mostram melhoria dos indicadores sociais e uma queda de 8% na
miséria no país em 2004.
"Esses dados aqui, cada um de
vocês precisa trabalhar, porque é
uma arma que vocês ajudaram a
construir neste governo, demonstra porque os nossos adversários
do mundo político ficaram tão
surpresos com os dados da
Pnad", disse Lula a uma platéia de
cerca de 50 integrantes do Consea
(Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional). "Não
tem um único dado na Pnad que
não seja um dado positivo da conquista do nosso governo e da sociedade brasileira", completou.
O discurso foi motivado pela fala de uma integrante do Consea,
Maria Emília Lisboa. Ela afirmou
que o conselho continua "preocupado e indignado com os níveis
alarmantes de pobreza, de insegurança alimentar e insustentabilidade ambiental no país".
O presidente respondeu que as
pessoas precisam ser "irradiadoras das coisas boas", voltou a reclamar que a mídia não divulga os
feitos de seu governo e admitiu
que, no passado, jogava a "culpa"
nos outros. "Comecei a lembrar
dos discursos que fiz a vida inteira
por este país. Eu falei, "bom, não
posso reclamar [das críticas] (...),
porque, em algum momento, eu e
outros já tínhamos dito isso"."
Em sua avaliação, as críticas podem até ser feitas, mas os dados
positivos não devem ser esquecidos. "Certamente, o governo deve
ter mais para fazer do que já fez.
Afinal de contas, nós ainda nem
completamos 36 meses de governo e muita gente gostaria que nós
já fizéssemos coisas como se nós
estivéssemos há 36 anos no governo. São apenas 36 meses."
Para ilustrar sua posição, o presidente falou sobre um "país imaginário": "Quem sabe, se vocês estivessem num país, viajando pelo
mundo, e chegassem a um país,
pegassem o jornal e lessem na primeira página a seguinte matéria: a
concentração de renda naquele
país que vocês estavam visitando
caiu em 2004 e atingiu o melhor
resultado desde 1981. Houve uma
forte redução da desigualdade
porque a renda dos mais pobres
cresceu", começou, para ler então
uma série de dados positivos.
"Esse país imaginário que nós
estamos vivendo é o Brasil e é o
Brasil que vocês ajudaram a construir", concluiu o presidente.
Apesar do discurso de Lula de
que "a política econômica nunca
foi empecilho para a política social", neste ano o governo reteve
recursos ligados à área social. No
último contingenciamento de
verbas, em março, foram retidos
R$ 9 bilhões em investimentos.
Para Selene Peres Nunes, assessora de orçamento da ONG Instituto de Estudos Socioeconômicos, "só o que sobra do pagamento de juros é alocado nas políticas
públicas de modo geral".
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