|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ABI e ANJ condenam quebra de sigilo
DA REDAÇÃO
A ABI (Associação Brasileira de
Imprensa) e a ANJ (Associação
Nacional de Jornais) afirmaram
ontem que a tentativa do procurador da República Bruno Caiado
Acioly de quebrar o sigilo telefônico de quatro jornalistas fere a liberdade de expressão e direitos
constitucionais.
"O que ele está buscando é um
caminho sinuoso, torto e carente
de ética para violar a liberdade de
informação e o sigilo de fonte",
afirmou Maurício Azêdo, presidente da ABI. Fernando Martins,
diretor-executivo da ANJ, disse
que qualquer exceção ao direito
de resguardar a identidade de
fontes anônimas é inaceitável. "A
função do jornalista é informar,
não é servir de informante para o
Ministério Público."
O diretor-executivo da ONG
Transparência Brasil, Claudio
Weber Abramo, também condena a tentativa do procurador e a
qualificou como "incabível". E explica a importância, a seu ver, do
que está ameaçado: "Boa parte
das informações que os repórteres conseguem seriam impublicáveis caso fosse necessária a identificação da fonte".
Para o ombudsman da Folha,
Marcelo Beraba, não se trata de
uma discussão "teórica, solta, [sobre os limites do sigilo] como ele
quis fazer entender. É um procurador buscando caminhos para
ferir um direito constitucional".
"Ele está tentando resolver uma
limitação do trabalho dele, que é
de investigação. Quer um atalho
que fere a Constituição, que fere o
Estado de Direito", disse Beraba.
Questionado sobre possíveis semelhanças com a exigência recente, feita pela Justiça americana, de
que repórteres dos EUA indicassem fontes de suas histórias -e
que levou, num caso controverso,
a jornalista do "New York Times"
Judith Miller a passar 85 dias presa-, Beraba afirmou que a semelhança está na discussão sobre a
motivação da fonte. Acioly defende a "flexibilização" do sigilo caso
quem passa a informação esteja
envolvido em crimes.
No caso de Miller, o colunista
político Robert Novak revelou a
identidade de uma agente da CIA
-o que é proibido por lei nos
EUA- sem revelar a fonte. Miller
teve acesso à informação, cuja divulgação supostamente interessaria ao governo americano, e não a
publicou, mas foi intimada a depor no mesmo caso.
Para Beraba, a diferença está no
fato de que, nos EUA, a "qualidade" das fontes anônimas, do ponto de vista da veracidade da informação, está no centro da crise do
jornalismo no país, o que não
acontece no Brasil.
(RC)
Texto Anterior: Imprensa: Procurador tenta contestar sigilo de fonte Próximo Texto: Panorâmica - Desarmamento: PF prende secretário de Habitação de Cuiabá e mais 17 pessoas suspeitas de grilagem Índice
|