São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Povo acertou ao votar em mim, diz Lula

Presidente afirma que "povo brasileiro está hoje recebendo parte daquilo que merece receber" e comemora classificação no IDH

Petista participa de eventos no Espírito Santo, onde voltou a criticar Fernando Henrique e a enaltecer a estabilidade da economia

DA ENVIADA ESPECIAL A COLATINA (ES)
DO ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA (ES)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu continuidade ontem à troca de farpas com o tucano Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, e afirmou, em Colatina (ES), que o "tempo se encarregou" de mostrar que o povo brasileiro estava certo quando votou nele. Mais tarde, já em Serra, na Grande Vitória, comemorou a ascensão do Brasil ao grupo de países de mais alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e disse que o país já tinha um "nome chique", referindo-se à classificação Bric para os principais emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia e China).
As declarações foram feitas em duas cerimônias no Estado: conclusão das obras de restauração da BR-259 e inauguração da ampliação da Arcelor-Mittal Tubarão, produtora de aço. "Volto hoje [a Colatina] com alegria redobrada, porque o tempo se encarregou de mostrar que o povo brasileiro estava certo quando votou em mim para presidente, quando votou no companheiro Paulo Hartung [PMDB] para governador.
E o. Não é tudo ainda", afirmou. Lula citou FHC duas vezes e sugeriu que houve omissão do tucano com os capixabas -disse que ex-governadores viviam acreditando que FHC iria ajudá-los, o que não aconteceu. "Nós tivemos um governador aqui, do PT, chamado Vitor Buaiz, meu grande companheiro Vitor Buaiz, que comeu aqui neste Estado o pão que o diabo amassou e que vivia em Brasília, acreditando que o presidente Fernando Henrique Cardoso iria ajudá-lo e não ajudou." Buaiz governou de 1995 a 1998.
Ao comemorar a ascensão do Brasil ao grupo de países de mais alto IDH , Lula, já em Serra, ressaltou que falta pouco para o país fazer os ajustes à manutenção do crescimento. "As bases estão se consolidando. Necessitamos apenas de algumas reformas que precisam passar pelo Congresso. Alguns ajustes precisam ser feitos, mas o alicerce está pronto."
O presidente voltou a defender, em tom veemente, a estabilidade da economia, responsável, segundo ele, pelos melhores indicadores alcançados pelo país. "A política macroeconômica, a estabilidade monetária, uma boa política fiscal e o controle da inflação são imprescindíveis para que a gente possa continuar a nossa trajetória", afirmou. Comparou a boa gestão pública a um "trabalhador responsável", que guarda parte do 13º salário para pagar os impostos do começo do ano seguinte, como o IPTU e o IPVA. "Eu sei que se eu errar, se fizer uma dívida maior do que aquela que eu possa pagar, posso até não sofrer as conseqüências, mas os [governantes] que vierem depois de mim sofrerão."

Amigo
À noite, no Rio, Lula lamentou não ter sido amigo do poeta e compositor Vinícius de Moraes (1913-1980), em cuja casa havia "bebida lá esperando", de graça. "Antes de ler meu discurso percebi que sou um homem infeliz. Porque quando assisti ao filme do Vinícius de Moraes ["Vinícius", documentário de Miguel Faria Jr.], [lembrei que] não tinha amizade com o Vinícius e não fui convidado para aquela casa de porta aberta que ele tinha em Petrópolis. Em que qualquer um podia entrar, e tinha bebida lá esperando. Beber sem pagar", disse o presidente, arrancando gargalhadas da platéia que o ouvia no auditório do Palácio Capanema (sede carioca do Ministério da Cultura).


(LETÍCIA SANDER e PEDRO SOARES)

Colaborou SERGIO TORRES da Sucursal do Rio



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