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Povo acertou ao votar em mim, diz Lula
Presidente afirma que "povo brasileiro está hoje recebendo parte daquilo que merece receber" e comemora classificação no IDH
Petista participa de eventos no Espírito Santo, onde voltou a criticar Fernando Henrique e a enaltecer a estabilidade da economia
DA ENVIADA ESPECIAL A COLATINA (ES)
DO ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA (ES)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu continuidade
ontem à troca de farpas com o
tucano Fernando Henrique
Cardoso, seu antecessor, e afirmou, em Colatina (ES), que o
"tempo se encarregou" de mostrar que o povo brasileiro estava certo quando votou nele.
Mais tarde, já em Serra, na
Grande Vitória, comemorou a
ascensão do Brasil ao grupo de
países de mais alto IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano)
e disse que o país já tinha um
"nome chique", referindo-se à
classificação Bric para os principais emergentes do mundo
(Brasil, Rússia, Índia e China).
As declarações foram feitas
em duas cerimônias no Estado:
conclusão das obras de restauração da BR-259 e inauguração
da ampliação da Arcelor-Mittal
Tubarão, produtora de aço.
"Volto hoje [a Colatina] com
alegria redobrada, porque o
tempo se encarregou de mostrar que o povo brasileiro estava certo quando votou em mim
para presidente, quando votou
no companheiro Paulo Hartung [PMDB] para governador.
E o. Não é tudo ainda", afirmou.
Lula citou FHC duas vezes e
sugeriu que houve omissão do
tucano com os capixabas -disse que ex-governadores viviam
acreditando que FHC iria ajudá-los, o que não aconteceu.
"Nós tivemos um governador
aqui, do PT, chamado Vitor
Buaiz, meu grande companheiro Vitor Buaiz, que comeu aqui
neste Estado o pão que o diabo
amassou e que vivia em Brasília, acreditando que o presidente Fernando Henrique Cardoso
iria ajudá-lo e não ajudou."
Buaiz governou de 1995 a 1998.
Ao comemorar a ascensão do
Brasil ao grupo de países de
mais alto IDH , Lula, já em Serra, ressaltou que falta pouco para o país fazer os ajustes à manutenção do crescimento. "As
bases estão se consolidando.
Necessitamos apenas de algumas reformas que precisam
passar pelo Congresso. Alguns
ajustes precisam ser feitos, mas
o alicerce está pronto."
O presidente voltou a defender, em tom veemente, a estabilidade da economia, responsável, segundo ele, pelos melhores indicadores alcançados
pelo país. "A política macroeconômica, a estabilidade monetária, uma boa política fiscal e o
controle da inflação são imprescindíveis para que a gente
possa continuar a nossa trajetória", afirmou.
Comparou a boa gestão pública a um "trabalhador responsável", que guarda parte do
13º salário para pagar os impostos do começo do ano seguinte,
como o IPTU e o IPVA. "Eu sei
que se eu errar, se fizer uma dívida maior do que aquela que
eu possa pagar, posso até não
sofrer as conseqüências, mas os
[governantes] que vierem depois de mim sofrerão."
Amigo
À noite, no Rio, Lula lamentou não ter sido amigo do poeta
e compositor Vinícius de Moraes (1913-1980), em cuja casa
havia "bebida lá esperando", de
graça. "Antes de ler meu discurso percebi que sou um homem infeliz. Porque quando
assisti ao filme do Vinícius de
Moraes ["Vinícius", documentário de Miguel Faria Jr.], [lembrei que] não tinha amizade
com o Vinícius e não fui convidado para aquela casa de porta
aberta que ele tinha em Petrópolis. Em que qualquer um podia entrar, e tinha bebida lá esperando. Beber sem pagar",
disse o presidente, arrancando
gargalhadas da platéia que o
ouvia no auditório do Palácio
Capanema (sede carioca do Ministério da Cultura).
(LETÍCIA SANDER e PEDRO SOARES)
Colaborou SERGIO TORRES da Sucursal do Rio
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