Nota de empresa não descarta envolvimento de funcionários da filial brasileira na doação de R$ 500 mil ao PT

MARIO CESAR CARVALHO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Cisco Systems divulgou nota ontem na qual informa não ter nenhuma "relação direta" com duas empresas que, juntas, doaram R$ 500 mil ao PT. As empresas chamam-se Nacional Distribuidora de Eletrônicos e ABC Industrial.
A Folha revelou no dia 18 que uma investigação sigilosa da Polícia Federal apontou que a filial brasileira da Cisco usou a Nacional e a ABC para doar R$ 500 mil ao PT. A doação teria uma contrapartida, de acordo com os policiais: o PT teria agido para que a Damovo, empresa que distribui produtos da Cisco no Brasil, ganhasse uma licitação de R$ 9,9 milhões da Caixa Econômica Federal.
A Nacional e a ABC, segundo os policiais, são empresas registradas em nome de laranjas e foram usadas pela Mude, principal distribuidora de produtos da Cisco no Brasil, para fraudar importações. A Caixa e a Damovo negam que tenha havido qualquer tipo de beneficiamento no pregão eletrônico.
A nota da Cisco Systems diz que a empresa chegou à conclusão de que não tem "relação direta" com a Nacional e a ABC depois de realizar uma auditoria externa. A auditora chegou a duas conclusões, de acordo com a nota: "Nenhuma dessas empresas tem qualquer relação direta com a Cisco" e "estamos cientes das alegações contra dois funcionários da Cisco Brasil e o suposto papel que teriam tido nesse evento. Contudo, neste momento, não dispomos de nenhum fato ou informação que possa sugerir o envolvimento da Cisco, enquanto empresa, em qualquer conduta inadequada".
Os funcionários a que a nota se refere são Carlos Carnevali Júnior, diretor de vendas da Cisco, e Sandra Tumelero, gerente que atendia a Caixa e o Banco do Brasil. As escutas da PF apontam que as negociações da doação foram conduzidas por Carnevali Júnior.


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