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Transformista que dançou no plenário de biquini reaparece na Assembléia
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vestido à paisana, sem o biquíni que o consagrou há pouco mais de um mês na Assembléia Legislativa, o cabeleireiro/drag queen Henrique
"Nick Peron" Rocha reapareceu ontem no plenário usando
jaqueta jeans e uma camiseta
preta com palavras em inglês:
"Comprei em uma liquidaçãozinha, nem sei o que quer
dizer. Já pensou se estiver escrito "Odeio viado!'?"
Não está. Trata-se de uma
composição sem muito significado. "Leopard: collor".
Henrique, 20, é levado pra
baixo e para cima pelo deputado Carlos Gianazzi, cuja frente parlamentar anti-homofóbica foi lançada com show de
Peron: "Quero apresentá-lo a
parlamentares que integram a
frente", diz Gianazzi.
Rocha segue adiante, sem
questionar para onde está indo. Cercado de jornalistas, fotógrafos e assessores do deputado, ele vive um dia muito
importante: "Se o Carlos não
perder o mandato, a homofobia será quebrada", afirma.
Em termos de "barraco", o
evento foi um fiasco. Ninguém deu a mínima.Desde o
show de lançamento da frente, Nick ("por causa do Henrique") Peron ("por causa da
Evita") diz que subiu o valor
de seu cachê ("era R$ 30, mas
prefiro não dizer pra quanto
foi") e já se chama na terceira
pessoa. "A Nick Peron vai continuar fazendo o que estiver a
seu alcance para quebrar o tabu contra o homossexualismo", diz, antes de entrar no
plenário.
Apesar do empenho político, Nick conta, sem se queixar,
que é vítima de homofobia
dentro da própria comunidade gay. "Nem meu namorado
gosta de bichinhas como eu."
Mais velho de seis irmãos,
Rocha vive em uma favela no
Jardim Satélite, perto de Interlagos, zona sul, e diz ganhar
R$ 800 como cabeleireiro.
Não gosta de Madonna. "Difícil um homossexual não gostar, mas ela não chega aos pés
da Cher, coitadinha."
Em seu show, Peron não
dubla a voz de nenhuma das
duas. Diz que gosta de "dançar
um batidão e bater a peruca".
Seu namorado homofóbico
está chegando para buscá-la...
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